A startup britânica Pragmatic Semiconductor revelou um microprocessador de 32 bits flexível, que é capaz de executar modelos de machine learning – tudo por menos de um euro. Chama-se Flex-RV, é baseado na arquitectura RISC-V e utiliza um material completamente diferente dos outros chips.
O material chama-se de óxido de índio, gálio e zinco (IGZO), que substitui o silício convencional. A principal inovação reside em evitar a utilização de uma embalagem complexa (e cara) que os chips de silício exigem para os proteger das tensões induzidas pela flexão. Em vez disso, os transístores IGZO podem ser impressos directamente em substratos de plástico a baixas temperaturas.
A demonstração da Pragmatic mostra o Flex-RV a ser enrolado e depois desenrolado e enquanto continua a executar código sem interrupções. Embora o demonstrador tenha manuseado o chip com muito cuidado – sugerindo que não é possível simplesmente agitá-lo como um papel – ainda assim ver este chip enrolado e a funcionar correctamente é um feito impressionante.
No entanto, não é de esperar que tenha um desempenho excepcional. Com apenas 12.600 logic gates, o protótipo Flex-RV atinge uma velocidade máxima de 60 kHz. Apesar de ter um desempenho modesto, o chip integra com sucesso um acelerador de machine learning de baixo consumo.
A Pragmatic nunca pretendeu usar o Flex-RV para treinar modelos GPT-4. Consumindo menos de 6 mW de energia, este chip ultra eficiente é ideal para fazer funcionar dispositivos médicos descartáveis e gadgets flexíveis que se adaptam ao corpo, como wearables para a monitorização de sinais vitais, robótica flexível e até interfaces cérebro-computador. Além disto, ao usar o conjunto de instruções gratuito e de código aberto RISC-V, a Pragmatic evitou taxas de licenciamento de arquitectura que normalmente aumentam os custos dos chips.
Em testes, o processador manteve a precisão enquanto era dobrado numa curva com um raio de 5 mm. O rendimento variou em alguns pontos percentuais, mas, no geral, ele lidou bem com a flexão. Isto marca uma melhoria significativa em relação aos chips flexíveis anteriores, que só podiam ser testados enquanto estavam nos wafers originais.
Esta não é a primeira vez que alguém tenta criar uma placa de circuito impresso flexível. Em Agosto, foi criada um Arduino Uno flexível, denominada “Flexduino”. Este projecto incorporou componentes rígidos numa placa flexível.
Os detalhes completos sobre o novo chip flexível foram publicados na revista Nature a 25 de Setembro.