Uma app é apenas software e a IA, que hoje é sexy, excitante, quase mágico, será, dentro de algum tempo, apenas…software. Lembremo-nos de que o conceito de IA tem décadas – anda por cá desde que existem computadores, na realidade. Larry Tesler sumarizava bem o conceito, em 1970: «Artificial intelligence is whatever hasn’t been done yet». Por essa altura, IA seriam as bases de dados e o output que delas retir(áv)amos.
O que é também commumente assumido na indústria tecnológica é que, a cada dez ou quinze anos, existe uma mudança, ou uma evolução de plataforma, que se define fundamentalmente por ser estrutural, sobre a qual tudo passa a ser assente e desenvolvido. Primeiro, foram os os mainframes, depois os PC, a Internet e o open source; em 2007, chegou aos smartphones e, depois, ao cloud computing.
Há quem afirme que a IA generativa é esta nova mudança de plataforma – e há quem esteja convencido que será muito mais que isso. Bill Gates será uma dessas pessoas. Em 2023 que afirmava: «In my lifetime, I’ve seen two demonstrations of technology that struck me as revolutionary: the GUI, in 1980, and the second big surprise came just last year, when I met with the team of OpenAI».
Parece não haver grandes dúvidas de que estes modelos de linguagem vieram para ficar. A esta altura haverá milhares deles. Resta saber qual o modelo de negócio que assentará no desenvolvimento de software sobre esta nova tecnologia. Enquanto algumas empresas, como a Microsoft ou a OpenAI, vendem o acesso em volume aos seus modelos, a Meta optou por colocar o Llama 3 em regime de open-source, o que possibilitará o desenvolvimento democratizado de novos modelos de negócio assentes na tecnologia.
Em 2007, Steve Jobs, logo na abertura de apresentação do iPhone, lembrou: «Every once in a while, a revolutionary product comes along that changes everything». E sim, o iPhone colocou o macOS e o multitouch num telefone, abrindo alas para a App Store e a todo um mundo novo, de onde brotariam milhares de empresas, como a Uber ou o TikTok.
A esta altura do campeonato, poucos se atreverão a prever o futuro da IA generativa, pela forma como estes modelos são, hoje, disponibilizados, estou convicto de que estarão na base de aquilo que se fará em termos de software, na próxima década. Por certo, haverá uma IA em todas as apps: resta saber se estarão, maioritariamente, num smartphone.