Até 2011, com o lançamento do Windows RT, a versão completa do sistema operativo da Microsoft apenas funcionava com processadores x86. Este, acabou por fracassar, porque os programadores não estiveram dispostos a adaptar as suas aplicações para a nova arquitectura e, na altura os chips, não dispunham de uma forma eficaz de emularem os x86.
Arm e Qualcomm
Mas a Microsoft não desistiu e, em 2017, lançou o primeiro Windows on Arm, uma versão do Windows 10 que funcionava em chips desta empresa. Apesar de, nesta altura, os chips já terem a capacidade de emulação dos x86, esta era ainda muito limitada (principalmente no que respeita ao desempenho); assim, e mais uma vez, a tentativa de criar um Windows para as massas, compatível com a arquitectura Arm, saiu gorada. Por esta altura, a empresa de Seattle já tinha um acordo de exclusividade com a Qualcomm, que a transformou no único fornecedor de processadores para futuros PC Windows com chips Arm.
Inteligência artificial e NPU
Para a maioria dos utilizadores ‘Arm’ é sinónimo de ‘smartphones’. Actualmente, todos os modelos à venda usam uma qualquer versão de um CPU Arm acompanhado de uma GPU e outros componentes (por isso, é que se chamam SoC, system on a chip, e não CPU). E, desde 2017, com o lançamento do SoC Kirin 970 da Huawei, os SOC ganharam mais um componente, a NPU.
Tal como a mineração de criptomoedas, a inteligência artificial necessita de uma grande quantidade de processamento feito em paralelo. Isto pode ser conseguido através das GPU, sacrificando o desempenho gráfico e aumentando o consumo energético. Em alternativa, pode ser feito através de uma unidade especializada que tem uma arquitectura semelhante à de uma GPU, mas que não gera gráficos.
O que vale o Vivobook S15?
Para saber o que vale a esta nova plataforma de hardware, testámos um dos primeiros laptops Copilot+ a chegar a Portugal, o Vivobook S15 da Asus. Este modelo vem com um Snapdragon X Elite X1E-78-100 que, neste momento, é a versão de entrada de gama desta série: tem doze núcleos de processamento que chegam a uma velocidade máxima de 3,4 GHz, a velocidade máxima do GPU é de 3,8 TFLOPS e a NPU chega aos 45 TOPS. Estas características colocam-no dentro dos requisitos mínimos definidos pela Microsoft para os AI PC.
Um PC normalíssimo, mas…
A única coisa que sugere ao utilizador que este é um computador diferente dos outros é a tecla ‘Copilot’ que está do lado direito da barra de espaços. Mais nada indicia que não se trata de um PC com um processador diferente daquilo a que estamos habituados, nem mesmo quando o Windows arranca. O chassis é feito numa única peça de alumínio cinzento-claro com teclas da mesma cor que, curiosamente, têm iluminação RGB, o que oferece a possibilidade de mudar a cor, como num computador de gaming. O trackpad foi o elemento de que gostámos menos: é pouco preciso e, ao usá-lo, tivemos uma impressão de alguma fragilidade.
… um PC agnóstico
Como estávamos com muita curiosidade para ver como é que se portava com software para x86, instalámos vários programas: Photoshop, jogos, software de benchmark da UL (Procyon, PCMark e 3DMark), Geekbench e Cinebench. No caso dos da UL (PCMark e Procyon), o método de testes foi um pouco diferente do de outros PC, porque a arquitectura Arm obriga a usar as ferramentas do Office, em vez do LibreOffice, usado nos x86 – por isso, não pudemos fazer uma correspondência directa com ou outros PC.
Ainda assim, todo o software instalou correctamente e foi executado sem problemas, embora a instalação, em certos casos, tenha demorado um pouco mais que num PC x86. O teste em que o Vivobook se saiu melhor foi no da bateria, com uma autonomia de umas impressionantes dezassete horas.
Cinebench CPU Multi Core | 963 |
Cinebench CPU Single Core | 108 |
PCmark 10 Applications | 12 788 |
PCMark 10 Applications Battery | 1020 minutos |
Procyon Office Productivity | 214 000 |
Geekbench CPU Single Core | 2434 |
Geekbench CPU Multi Core | 14 402 |
Geekbench GPU (Open CL) | 20 933 |
3DMark Wild Life | 19 570 |
Alguns destes resultados não são comparáveis com os de outros computadores que já testámos, por terem sido obtidos através de programas diferentes. Contudo, este não é o caso dos números conseguidos com o 3D Mark: este Asus ficou à frente de todos os portáteis com CPU Intel sem gráfica dedicada… e a uma distância considerável.
Outros resultados, como o do Cinebench, podem ser comparados com os obtidos por computadores com processadores com a mesma arquitectura, como os MacBook com M3; neste caso, o Asus ficou atrás deste modelo no teste Single Core do Geekbench e teve um resultado sensivelmente igual no Multi Core.
Mas corre o Crysis?
Embora o Vivobook S15 não tenha sido feito para jogar, decidimos instalar alguns jogos para ver como se portava: Cyberpunk 2077, Crysis Remastered, Civilization VI, Far Cry 6 e Metro Last Light Redux. Os resultados foram curiosos:
Crysis Remastered | 29 fps |
Civilization VI | 30 fps |
Far Cry 6 | 18 fps |
Cyberpunk 2077 | 26 fps |
Metro Last Light Redux | 30 fps |
Todos os jogos foram testados com a resolução nativa do ecrã e com as definições de qualidade em médio, sem fazer qualquer alteração específica. Neste contexto, as nossas expectativas eram baixas, mas, exceptuando Far Cry 6, todos os títulos foram jogáveis sem grandes quebras, mas também sem grande velocidade. E sim, corre o Crysis.
Dados técnicos
Processador | Snapdragon X Elite X1E 78 100; Qualcomm AI Engine 75 TOPS |
Memória | 32 GB LPDDR5x |
Armazenamento | SSD M.2 NVMe PCIe 4.0 com 1 TB |
GPU | Qualcomm Adreno |
Ecrã | 15,6 polegadas, OLED, 3K (2880 x 1620) a 120Hz |
Ligações | 2 x USB-A 3.2, 2 x USB-C 4.0, HDMI 2.1, jack 3,5 mm, cartões microSD, Wi-Fi 7, Bluetooth 5.4 |
Dimensões | 352,6 x 226,9 x 14,7 mm |
Peso | 1,42 kg |
Distribuidor | Asus |
Preço | €1399 |