Sonda chinesa Chang’e-6 descola do lado oculto da Lua para voltar à Terra com amostras de solo

Se tudo correr como planeado, a Chang’e-6 pode ser a primeira sonda a voltar à Terra com amostras de solo do lado oculto da Lua.

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 4 min
Imagem - Xinhua/Jin Liwang

A sonda chinesa Chang’e-6, pousou no lado oculto da Lua no fim-de-semana passado e começou logo a recolher amostras de solo para as trazer para a Terra. A viagem para o nosso planeta começou no dia 3 de Junho, com a descolagem bem-sucedida do veículo de ascensão da Chang’e-6. Se tudo correr bem, esta será a primeira vez que um veículo espacial vai trazer para a Terra amostras do solo do lado oculto da Lua.

A Chang’e-6 partiu para Lua no dia 3 de Maio da base de Wenchang na China. Dias depois, chegou à órbita da Lua. A China National Space Administration (CNSA) passou os dias seguintes a preparar a aterragem da sonda. No dia 1 Junho, a sonda, que pesa 3,2 toneladas, acabou por pousar na cratera Apollo na bacia South Pole-Aitken, situada no lado oculto da Lua.

O veículo de aterragem estava equipado com uma broca e uma pá desenhadas para carregar até 2 kg de material lunar num contentor especial. Esse contentor está instalado no veículo de ascensão, que pode ser visto no topo da sonda. Na noite de 3 de Junho, a CNSA confirmou que o veículo de ascensão deixou a superfície com a sua carga.

Neste momento, o veículo está a aumentar a altitude da sua órbita à volta da Lua para se encontrar com o módulo de serviço. Depois de ser capturado pelo módulo de serviço, um sistema robótico vai remover o contentor do veículo de ascensão. Depois de isso acontecer, o veículo de ascensão será largado no espaço. Depois, módulo de serviço vai manter-se na órbita lunar mais algumas semanas até ao início da viagem de volta à Terra, que está planeada para começar entre os dias 20 e 21 de Junho. Quando chegar à Terra, no dia 25 de Junho, o módulo de reentrada na atmosfera será separado do módulo de serviço para aterrar na Mongólia e ser recolhido pela CNSA.

Como é natural, a comunidade científica está ansiosa por examinar o material que a sonda vai trazer para a Terra. A cratera Apollo é das mais antigas e é a mais profunda da superfície lunar. As amostras de solo podem conter material originário das zonas mais profundas da crusta da Lua. Um estudo mais aprofundado da bacia South Pole-Aitken, pode ajudar os cientistas a perceberem a razão pela qual o solo do lado visível e o do lado oculto da Lua têm propriedades diferentes e como se formaram os planetas e luas no início do sistema solar.

Esta é uma missão histórica por ser a primeira vez que amostras de solo do lado oculto da Lua são enviadas para a Terra, mas também tem grande importância para as aspirações do programa espacial chinês. Até 2030, a China quer colocar pessoas na Lua e as tecnologias usadas na Chang’e-6 podem ajudar a desenhar os veículos usados em missões tripuladas futuras. A China também quer lançar uma missão semelhante a Marte, a Tianwen-3, em 2030 e, decerto, o desempenho da Chang’e-6 pode afectar a futura missão a Marte.

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