O estranho caso dos teimosos balões verdes

A verdade é que, pelo que a Apple deixa entender, o iMessage continuará a existir ao mesmo tempo que o “messaging” evolui em paralelo para o resto do mundo.

Por: Pedro Aniceto
Tempo de leitura: 3 min
Mariia Shalabaieva/ Unsplash

Ver surgir no horizonte noticioso o rumor de que a Apple vai adoptar um standard nas comunicações, já é notícia. Variadas fontes confirmam que o iOS vai ser ainda mais compatível com o restante universo de telefones, porque adoptará o protocolo RCS, no próximo ano. Para a maioria dos utilizadores, que não fazem a mais leve ideia do que seja isto do RCS, diria que é um degrau bastante mais alto nas comunicações entre utilizadores de sistemas operativos distintos, assumindo que o primeiro desses degraus é a SMS que, hoje, conhecemos como universal. Apesar disto, falha completamente em “rich content”, no que toca à troca de mensagens mais elaboradas, com inclusão de imagens em alta resolução, ficheiros de toda a ordem e a normalização de recibos de leitura, entre plataformas.

Por alguma razão que eu desconheço (mas eu sou um bocado “old school” no que diz respeito a “messaging”), o mundo precisa de emojis e de outros artifícios gráficos para tornar o exercício de mensagens mais interessante. É uma batalha que já perdi faz tempo: a necessidade de acrescentar emoção a balões verdes que, no seu interior, me dizem ‘Traz pão!’ ou ‘Preciso do teu texto urgentemente’. Sim, a minha análise é leviana, porque tendo a observar o mundo pelo meu umbigo; mas fico feliz por mais um passo dado no mar da interoperabilidade.

A questão filosófica subjacente foi o que me trouxe a este texto: o facto de a Apple, conhecida pelas suas decisões contra corrente, decidir aceitar esta alteração. Obviamente, que não será estranho neste processo o facto de os reguladores exercerem pressão, ou de, a concorrência combinada em termos de volume de equipamento vendido, pesarem bastante numa decisão que a mim me surpreende e muito, sobretudo depois de anos e anos a investir num sistema “fechado” como o iMessage (que não resistiu ao folclore gráfico de corações e fogo de artifício, se bem se lembram).

A verdade é que, pelo que a Apple deixa entender, o iMessage continuará a existir ao mesmo tempo que o “messaging” evolui em paralelo para o resto do mundo. Isto é um pedacinho estranho, também. Mas a Apple também defende (e não estou em condições de julgar) que o iMessage é mais seguro que o RCS. E se pensarmos que Tim Cook disse, há muito pouco tempo a um utilizador que sugeriu a implementação RCS, «Compra um iPhone à tua mãe…», ainda é mais estranho. Mas prossigamos: com ou sem balões verdes, o mundo evolui.

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