O próximo chip para smartphones da Qualcomm vai ser construído especificamente para IA

O próximo chip da Qualcomm vai poder fazer processamento relacionado com modelos de linguagem natural sem ter de aceder à Internet.

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 4 min

A inteligência artificial generativa está a entrar em quase todos os aspectos da tecnologia e o próximo são os smartphones. A Qualcomm anunciou que o seu próximo chip para dispositivos móveis será construído especificamente para fazer processamento directo de IA generativa para reduzir a dependência da Internet neste tipo de tarefas. Esta funcionalidade pode melhorar bastante a privacidade destes serviços, mas será que a IA generativa está pronta para saltar para dentro dos telemóveis?

A corrida à IA generativa começou no início de 2023, quando a Microsoft mostrou ao mundo o que o ChatGPT conseguia fazer ligado ao motor de busca Bing. A Google foi apanhada de surpresa por este anúncio e algum tempo depois lançou um serviço semelhante chamado Bard. A partir desse momento, surgiram centenas de serviços com novos modelos generativos, como o da Adobe que acaba de o incluir IA generativa no editor de imagem Photoshop, para gerar elementos para imagens a partir de descrições.

Todos os serviços de IA generativa precisam de uma ligação à Internet para poderem ser usados, porque residem em grandes centros de dados repletos GPU, que fazem todos os cálculos. O que a Qualcomm quer fazer, é passar parte (ou a totalidade) desse processamento para os chips que estão dentro dos smartphones. Obviamente que não há comparação entre o poder de cálculo de um chip dentro de um telemóvel e um GPU construído de propósito para IA. Por isso, naturalmente, o modelo utilizado nos dispositivos móveis não será tão poderoso. Por exemplo, o modelo GPT-3 da OpenAI (substituído entretanto pelo GPT-4) operava com 175 mil milhões de parâmetros, a Qualcomm estima que os seus chips vão poder usar 7 mil milhões.

A Qualcomm acredita, que o hardware de IA integrado nos chips conseguirá fazer algumas coisas que os modelos mais poderosos, dependentes da cloud, não conseguem. Os smartphones actuais, são repositórios de dados pessoais, como a localização, utilização de aplicações, buscas na Internet, padrões de condução, fotos e muito mais. Isto pode fornecer a uma IA generativa mais dados para personalizar a experiência de utilização do dispositivo e gerar conteúdos. Por exemplo: em vez de editar as fotografias manualmente, o utilizador pode simplesmente dizer ao seu dispositivo como é que quer que elas fiquem.

Os planos da Qualcomm de integração de IA nos chips, também podem ajudar na preservação da privacidade. Quando se movem dados pessoais para a nuvem, para serem processados por uma IA, há sempre riscos para a segurança dessa informação. Ao mantê-los dentro do smartphone, os dados ficam mais resguardados e continua a ser possível usar a IA mesmo quando não existe nenhuma ligação à Internet.

A integração de funcionalidades de IA nos chips que fazem funcionar os smartphones não é novidade. Várias empresas (incluindo a Qualcomm), têm tentado integrá-las nos seus produtos, embora de uma forma limitada. Por exemplo, o DSP (Digital Signal Processor) Hexagon, que está dentro dos chips Snapdragon, já tem algumas capacidades de IA para processamento e análise de imagem. O mesmo acontece com os chips Tensor da Google, que fazem funcionar algumas funcionalidades dos smartphones Pixel, como a transcrição de texto e a criação de fundos para fotos.

Espera-se que a Qualcomm dê mais novidades acerca destes chips com inteligência artificial incluída na edição deste ano da Snapdragon Summit, que se realiza em Outubro.

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Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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