Segundo o conceito originalmente criado pelo astrónomo Lyman Spitzer, em 1946, foi uma questão de tempo até que o primeiro telescópio espacial fosse lançado para o Espaço, o OAO-2 em 1968; a este, seguiu-se o soviético Orion 1, em 1971.
Porém, só nos anos noventa é que o conceito de ‘telescópio espacial’ conquistou a opinião pública, com o Hubble, que começou a sua missão em 1990. Cinco anos mais tarde, chegavam as primeiras fotos do Espaço profundo: a que ficou conhecida como ‘Os Pilares da Criação’ seria uma das mais icónicas, ao mostrar um aglomerado de poeira e gás na nebulosa da Água, a cerca de sete mil anos-luz da Terra.
Agora, cerca de trinta anos depois, chega a vez do James Webb. Este telescópio chegou ao Espaço no final de 2021 a bordo do foguetão Ariane 5 e enviou recentemente para a Terra as suas primeiras fotografias do Espaço profundo, que mostram aglomerados de galáxias como estavam há treze milhões de anos. Com o James Webb, NASA, ESA (Europa) e CSA (Canadá) esperam conseguir captar luz proveniente das primeiras estrelas e galáxias que formaram o universo após o Big Bang, estudar a formação e evolução das galáxias, perceber melhor a origem dos planetas e das estrelas, descobrir novos sistemas planetários e tentar perceber se há vida nos mesmos.
Astronomia por infravermelhos
Algo que distingue imediatamente o James Webb do Hubble é o espectro captado pelos seus sensores – os do Hubble captavam radiações num espectro de luz visível, com comprimentos de onda entre os 0,09 e os 2,5 micrómetros, mas os do James Webb chegam aos face aos 0,6 e os 28,5. Para isto foi essencial a utilização de espelhos maiores, feitos em berílio e com acabamento em ouro, para uma melhor captação das radiações de infravermelhos: ao todo, temos um conjunto de dezoito espelhos hexagonais, que abertos têm um diâmetro total de 6,5 metros (2,4 metros, no Hubble).
Estes espelhos têm seis actuadores mecânicos que permitem ajustar o seu posicionamento, para que as radiações sejam devidamente reflectidas para o espelho secundário (de 740 mm) que, por sua vez, as reflecte para o centro do espelho principal. Aqui, estão alojados os sensores de NIRCam (câmara de infravermelhos), NIRSpec (espectrógrafo de infravermelhos), MIRI (instrumento de medição de raios infravermelhos) e FSG (sensor de ajuste fino).
Estrutura à prova de elementos
Face ao Hubble, que utiliza uma estrutura similar a um telescópio reflector, o James Webb é muito maior, mas mais leve – grande parte da estrutura é composta por materiais isolantes de cinco camadas, que protegem os sensores de toda a radiação proveniente do Sol, Terra e da Lua. Isto permite também que todo o sistema funcione a uma temperatura constante de 223 graus centígrados negativos. Na parte inferior, a que se encontrará exposta ao Sol, encontram-se os painéis solares, as antenas de comunicação com a Terra e o Spacecraft Bus, um módulo onde se ficam os sistemas de comunicação, propulsão, gestão térmica e gestão energética do telescópico.