AMD e Intel deixam de exportar chips industriais para a Rússia

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 3 min

Uma notícia do site russo RBC dá conta que a Intel e a AMD, dois dos maiores fabricantes mundiais de semicondutores, informaram os seus parceiros russos que iam deixar de exportar chips industriais para o país. Esta suspensão de fornecimento não inclui os chips para o mercado de consumo, como os usados em portáteis e computadores de secretária.

Segundo um porta voz da filiar da Intel na Rússia: “A empresa está monitorizar a situação e vai aplicar as sanções e regras de controlo de exportações, incluindo as novas sanções impostas pela OFAC (Agência de Controlo de Activos Estrangeiros dos EUA) e as regras definidas pelo BIS (Bank for International Settlements).”

A suspensão de exportações de semicondutores só entra em vigor a 3 de Março. No entanto, as fontes do RBC dizem que tanto a Intel, como a AMD, já informaram verbalmente os seus clientes russos que cancelaram todos os envios de processadores. Estas sanções vão ter impacto na disponibilidade do equipamento necessário para servidores e outros dispositivos de alta tecnologia, usado em aplicações industriais, incluindo na aviação, banca e exploração espacial.

Esta suspensão, pode ter como resultado perdas para as empresas e instituições governamentais russas que dependem de chips estrangeiros para os seus sistemas. Embora a Rússia tenha anunciado a intenção de substituir o hardware informático que compra no estrangeiro por componentes domésticos, não tem sido muito bem sucedida até agora. Por exemplo, o CPU Elbrus-8C, desenhado na Rússia, não conseguiu passar vários testes de resistência em ambiente industrial.

Para além das ramificações que esta suspensão pode trazer a economia da Rússia, pode, ao mesmo tempo, limitar a capacidade do país de levar a cabo ciberataques. Para além do recente ciberataque à Ucrânia, a Rússia também foi acusada de estar ligada a vários ciberataques feitos contra os EUA, França, Polónia, Alemanha e Coreia do Sul, incluindo um ciberataque contra os Jogos Olímpicos de Inverno em 2018.

Várias empresas americanas estão a ser pressionadas para restringir os seus produtos e serviços na Rússia. A Meta (Facebook), Google e o Twitter anunciaram restrições aos meios de comunicação russos controlados pelo governo, que os impedem de usarem anúncios ou de monetizarem os seus conteúdos.

Na sexta.-feira, o vice primeiro ministro da Ucrânia pediu através do Twitter ao CEO da Apple, Tim Cook, para bloquear o acesso dos cidadãos da Federação Russa à App Store da Apple. A Apple ainda não se pronunciou publicamente sobre este pedido. 

Até a TSMC, uma das maiores fábricas mundiais de semicondutores, anunciou que vai cumprir as limitações de exportação de componentes para a Rússia. A partir do momento em que todas as limitações estiverem em vigor, um dos poucos países que ainda poderá fornecer componentes de alta tecnologia à Rússia será a China.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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