O caso Rui PIDE

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 2 min

Para quem, como eu, ainda era criança em Abril de 74, o “sentir a ditadura” é algo que não partilho com as gerações imediatamente anteriores. Pecamos por algum excesso de liberdade por nunca dela termos sido órfãos.

Talvez por isso tenha dificuldade em perceber os receios que se teve e tem da app StayAwayCovid e, agora, da carta de condução que o Governo prepara para que a possa colocar, também, no seu telemóvel.

Dá-se o número de contribuinte por cada café que se paga e utilizar-se-ão os códigos QR das facturas para obter os benefícios fiscais mas, isso de ter uma app para parar uma pandemia ou a carta de condução e outros elementos de identificação pessoal numa app…cruzes, credo, canhoto. Quem pode admitir uma coisa dessas?

Tentar parar uma pandemia não deveria ser suficiente para dar aos médicos a responsabilidade de identificar quem está infectado? Ou desconfia-se de que estes serão os agentes da PIDE XXI?

Ridículo será criar na lei a possibilidade de ter a carta de condução no telemóvel e depois não dar aos agentes a mesma a capacidade de a validar, obrigando o condutor a deslocar-se a uma esquadra nos dias seguintes.

Sosseguem-se, no entanto, essas mentes inquietas porque se tentarem instalar a app ID.GOV.PT duas coisas são garantidas. Em primeiro lugar, terão uma ligeira sensação de dejá vu. Tanto bom designer de UI/X em Portugal e vai-se logo buscar o gajo do Windows 95. Isto faz sentido?

Por fim, irá encontrar tantas medidas de segurança que, por fastio ou incapacidade de perceber a coisa, garanto, vão desistir a meio. Ou isso, ou em vez do médico ou polícia, será ao Rui Pinto lá da rua que irá pedir para lhe colocar os cartões na app. A liberdade continua garantida!

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