PlayStation 5

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 13 min

Posso dizer que já experimentei todos os modelos da PlayStation que foram criados pelos engenheiros da Sony. Da 1 à 5, passando pelas várias declinações como a PS ONE ou PS Vita. Até experimentei o xperia Play, o smartphone que seria uma consola portátil que também fazia chamadas.

Ao longo de todo este tempo, notou-se bastante a evolução de modelo para modelo. O principal aspecto em que essa revolução se notou mais foi, obviamente, na qualidade dos gráficos que é o aspecto mais visível. O design exterior também mudou muito de geração para geração, e a consola foi crescendo em tamanho para acomodar mais componentes e sistemas de arrefecimento maiores que foram sendo necessários para os arrefecer, que também foram ficando mais rápidos, logo precisam de dissipar mais calor.

Mas houve um componente que pouco mudou ao longo dos anos: o comando. Os comandos da PlayStation perderam a ligação por fios da PlayStation 2 para a PlayStation 3 e ganharam uma funcionalidade de vibração, mas eram, essencialmente, os mesmos comandos que a Sony lançou nos anos 90 do século passado.

Chegados a 2020, com a democratização do 4K e de tecnologias como o ray trace, chegámos à altura de lançar uma nova geração de consolas.

Por fora

Com 39 cm de comprimento por 26 cm de largura por 10 cm de espessura, fisicamente, a PlayStation 5 é um monstro! Não há outra forma de o dizer. É um objecto substancialmente maior que a PlayStation 4 Pro, que também não era pequena. Mesmo a versão da PlayStation 5 sem drive óptica, é muito maior que a PlayStation 4 Pro.

Este aumento de tamanho fica a dever-se principalmente ao facto de o APU da AMD necessitar de um sistema de dissipação de calor suficientemente grande para ser capaz de afastar o calor gerado pelos componentes em situações de maior carga, sem a necessidade de ter sempre a ventoinha a trabalhar no máximo, o que faria com que a consola fosse muito barulhenta.

Como de certeza já deve ter visto, a PlayStation 5 tem dois painéis brancos laterais e uma peça preta entre elas. As peças brancas podem ser facilmente removidas para limpeza e para instalar um SSD m.2, para aumentar o espaço disponível aos jogos da nova geração. Mas já lá vamos.

A peça preta inclui um sistema de iluminação semelhante ao que existia na PS4 que se ilumina durante a operação e fica amarelo quando a consola está em standby.

À frente está uma entrada USB 3.1 Type-C e uma entrada USB 2.0 Type-A que, tal como nas versões anteriores, permitem, entre outras coisas, carregar a bateria dos comandos. Na parte de trás estão as entradas para rede com fios gigabit, uma HDMI 2.1, duas USB 3.1 Type-A e a entrada para a alimentação eléctrica. No que respeita a ligações sem fios, a PlayStation 5 inclui Bluetooth 5.1 e a possibilidade de ligação a redes sem fios até à norma 802.11 ax.

Comando DualSense

Para além da grande mudança exterior na consola, uma das coisas que mais mudou na PlayStation 5 foi o comando. O novo comando DualSense, que embora se consiga perceber que é uma evolução dos modelos anteriores, é, na realidade, um comando totalmente novo. As laterais são maiores e curvas (ao contrário dos anteriores, que eram mais rectos) e é substancialmente mais pesado.

Os botões com os tradicionais triangulo, quadrado, x e bola, e os das setas são do mesmo tamanho, mas agora têm um acabamento diferente e têm um toque mais firme do que os dos comandos anteriores. Finalmente os gatilhos têm um novo mecanismo interno, que permite aos programadores variarem a força que os utilizadores têm de fazer para os usar, de forma a imitar vários tipos de utilização.

O botão com a superfície sensível ao toque que está na parte de cima é um pouco maior e o LED em vez de estar à frente, entre os gatilhos, está dos lados deste botão, tornando-o mais visível ao utilizador.

[ngg src=”galleries” ids=”27″ display=”basic_imagebrowser”]Mas as novidades no comando não ficam por aqui, o botão PS agora tem mesmo a forma do logo da PlayStation e não é um logo impresso num botão redondo. E o comando agora tem um microfone, o que permite usar comunicação por voz durante os jogos sem a necessidade de estar sempre a usar um headset.

A ligação USB do comando é Type-C. O cabo fornecido é USB Type-C para Type-A e é curto demais para se conseguir usar sentado no sofá enquanto se joga. Por isso, se quiser jogar depois de a bateria morrer, ou compra uma extensão, ou espera que a bateria carregue.

Este é o melhor comando que a Sony jamais fez para a PlayStation, sem qualquer sombra de dúvida. Tem o peso certo, a forma certa, tem uma qualidade de montagem excelente e é muitíssimo confortável de usar. Actualmente é o melhor comando para qualquer consola de qualquer marca.

Por dentro

Nesta geração, a Sony decidiu manter a preferência por um APU (Accelerated Processing Unit) da AMD, que inclui o processador com 8 núcleos, construído segundo a arquitectura Zen 2, que pode chegar a uma velocidade máxima de 3,5 GHz. O processador gráfico, ou GPU, integrado no chip é construído segundo a arquitectura RDNA 2 (a mesma usada na última geração de placas gráficas da AMD para PC), que tem 36 unidades de computação e que pode chegar a uma velocidade máxima de 2,23 GHz. A memória RAM é composta por 16 GB de memória GDDR 6, o tipo de memória usada normalmente em placas gráficas, por oferecer substancialmente mais velocidade que a memória DDR4 tradicional. Isto é particularmente importante num sistema como este em que a memória RAM é partilha pelo CPU e pelo GPU.

O APU da PlayStation 5 inclui o processador e o processador gráfico da AMD.

Tal como acontece no RDNA 2 para PC, o GPU da PlayStation 5 permite a utilização de uma técnica de renderização de gráficos chamada Ray Trace. O novo chip permite a renderização em tempo real de reflexos, sombras e outros efeitos, o que dá um maior realismo aos gráficos dos jogos. No entanto, o desempenho teórico do chip apenas vai permitir usar uma parte destes efeitos, visto a sua utilização penaliza o desempenho gráfico geral. Principalmente a resoluções de 4K ou superiores.

Um dos sistemas a que a Sony deu mais importância durante o desenvolvimento foi o de armazenamento. A falta de velocidade do armazenamento este era um dos principais problemas que a PS4 tinha, porque há medida que os jogos ganharam gráficos melhores e mais funcionalidades, também os tempos de carregamento dos jogos ficaram muito mais longos. Assim, o sistema de armazenamento da PlayStation 5 usa um SSD com 825 GB integrado na própria motherboard da consola, ao contrário de um disco mecânico SATA.

O SSD da PlayStation 5. O engenheiro da Sonu está a apontar para o chip controlador capaz de descomprimir texturas com aceleração por hardware.

Na PlayStation 5, este sistema tem uma funcionalidade invulgar, o chip que o controla não se limita a gerir o espaço, a leitura e a gravação de dados. Inclui também a possibilidade de descomprimir dados relacionados com texturas, com aceleração por hardware. Isto serve principalmente para libertar o processador dessa tarefa, o que em conjunto com a muito mais alta velocidade deste suporte, faz com que os tempos de carregamento nos jogos sejam encurtados. Os ganhos são substanciais, mesmo em jogos para a geração anterior.

O slot onde se pode instalar um SSD M.2 na PlayStation 5.

Como o armazenamento está soldado na motherboard, já não será possível trocar o disco por um maior, como nas PS3 e PS4. Por isso, a Sony, incluiu um slot para instalar um SSD M.2 que está acessível a partir do exterior, logo pode ser instalado pelo próprio utilizador. No entanto, isto ainda não vai ser possível no lançamento. A Sony diz que esta funcionalidade será ligada através de uma actualização de firmware posterior.

Tal como na geração anterior, na PS5 será possível usar um disco externo USB, mas os jogos de nova geração só podem ser usados a partir do SSD interno. Os jogos de PS4 podem ser usados tanto a partir da unidade interna ou de uma unidade externa.

Usei vários jogos de PS4, porque neste momento os únicos jogos de PS5 que foram disponibilizados com as unidades de teste são o Spider Man Miles Morales e o Astro’s Playroom. Os tempos de carregamento são bastante mais curtos quando se usam os jogos a partir do SSD, ao usar a partir da drive USB externa os tempos mantêm-se praticamente os mesmos.

Imagem

A PlayStation 5 é filha do 4K. É nessa resolução que está à vontade. Todos os títulos de PS5 e de PS4 que conseguimos usar funcionaram sem qualquer problema ou quebras de imagem em 4K. A Sony diz que o novo hardware consegue chegar a resoluções 8K a 30 frames por segundo, mas olhando para as especificações, embora seja realmente possível, não será a mesma experiência de utilização que se consegue a 4K.

Experiência de utilização e interface

A interface da PlayStation 5 é também uma evolução da existente na PlayStation 4, mas com algumas (poucas) diferenças de organização dos títulos e da forma como se acede às várias áreas. Quem usou a PlayStation 4 vai sentir-se em casa. A zona de configuração é igual à da PS4.

Uma das coisas em que se ganha com gigantismo da PS5 é no silêncio. A nova consola, mesmo em situações de grande exigência em termos de processamento, é muito mais silenciosa que a da geração anterior. A ventoinha mal se ouve. Mas, como disse anteriormente, ainda não há títulos que realmente puxem pelo novo hardware até próximo do seu limite e só nessa altura é que se pode ter certezas neste campo.


Preço: 499,99 (versão com drive óptica), €399,99 (versão sem drive óptica)

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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