Contact Tracing

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 3 min
©Kate Trifo

Se há algo que levo como certo desta pandemia é que, além de treinadores de bancada, estamos também infestados (infectados) de médicos, especialistas clínicos e epidemiológicos. Mesmo que as regras de acesso ao ensino superior não sofram alterações, não mais precisaremos de aumentar o número vagas para os cursos de medicina, porque é certo que houve uma camada gigantesca da população que teve formação médico-científica nos últimos anos e, até há pouco mais de um mês, manteve isso em segredo. Também vou parar de me preocupar com perspicuidade das opiniões que aqui emito mês após mês há quase uma década.

Outra aprendizagem que levo é que entre os mui distintos experts de Stanford, Harvard, Oxford e Cambridge não há qualquer consenso generalizado e muitas vezes as evidências científicas parecem estar em pólos opostos. Assim sendo, pouco nos resta que não irmos tirando as nossas próprias conclusões e acreditar que em Portugal, quem nos lidera se rege, pelo menos, pelas melhores intenções.

É assim que chegamos às apps de Contact Tracing da COVID-19. A Comissão Europeia lançou, a 8 de Abril, uma recomendação para a criação de uma Toolbox que sirva de modelo para o desenvolvimento de aplicações móveis que possibilitem o rastreio da evolução da pandemia através da identificação de infectados e que dêem informação a quem com eles teve contacto.

A primeira reacção que todos temos é de choque (e o frequente que ela agora tem sido). Ouvimos relatos de como se faz a monitorização dos cidadãos na “democracia” chinesa. De como os países asiáticos como Singapura ou a Coreia do Sul fazem a gestão das redes de transmissão com base a este tipo de aplicações. Vemos que mais rapidamente são implementadas em Estados como o Irão, a Turquia, etc.

O que parece certo é que também nós teremos uma app para gerir a saída de quarentena e o regresso à normalidade possível pré-vacina. E como funcionará essa app? Em primeiro lugar, convém referir que o seu uso será voluntário. Depois que será desenvolvida (certificada) por entidades oficiais e que o utilizador irá dar autorizações para ações/funcionalidades específicas. A tecnologia utilizada será Bluetooth (BLE) e os dois grandes fabricantes dos sistemas operativos (Android e iOS) já se entenderam quanto às normas de comunicação. Uma explicação exaustiva da app seria alvo de um longo artigo, mas convirá agora salientar que o objetivo será o utilizador ter conhecimento se esteve em contacto com alguém infectado e as autoridades de saúde dos Estados Membros poderem partilhar informação respeitando sempre o anonimato, privacidade e exclusividade de uso da informação.

Keep Safe.

 

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