Ecrãs dobráveis

Por: Gustavo Dias
Tempo de leitura: 4 min

Embora o conceito tenha já vários anos, criar um ecrã maleável e aplicá-lo num equipamento que tem de ser utilizado no dia-a-dia não é tarefa fácil. Esta é a razão pela qual a tecnologia está a ser desenvolvida desde o início da década passada, mas só agora começam a chegar os primeiros equipamentos nas suas versões finais.

Modelos como o Royote FlexPai, o Samsung Galaxy Fold e o Huawei Mate X fizeram as delícias de todos quando foram apresentados no início de 2019, mas nem todos estão amplamente disponíveis, sendo destes o Galaxy Fold o único comercializado oficialmente em Portugal: desde 23 de Dezembro de 2019. Mas nem só os smartphones têm ecrãs dobráveis – existem outros dispositivos que irão, muito em breve, começar a ser vendidos com esta tecnologia.

Outras soluções
Estamos a falar da revolucionária televisão da LG, a Signature OLED TV R, que tem a particularidade de usar uma espécie de exoesqueleto na parte posterior, que permite que o painel OLED se enrosque, como se fosse um estore, para poder ser armazenada no interior de uma espécie de móvel de sala.

Também a Lenovo apresentou aquele que será o primeiro computador portátil com ecrã dobrável, o Lenovo ThinkPad X1 Fold, embora utilize um funcionamento mais próximo do aplicado em smartphones. O que torna possível a criação destes equipamentos é a utilização de painéis de ecrã maleáveis, que utilizam a tecnologia OLED (Organic Light Emitting Diode).

Estes painéis recorrem a um conjunto de células com compostos orgânicos no seu interior, que são activados por impulsos eléctricos, dispensando assim o de sistemas de retroiluminação, como acontece com os ecrãs de cristais líquidos (LCD).

Limitações
Embora a tecnologia seja já conhecida, e em teoria pudesse ser já usada há vários anos, os ecrãs dobráveis só agora estão a chegar ao mercado, porque foi necessário adaptar-se outros componentes e mecanismos, que permitissem guardar e proteger os ecrãs, para uma utilização quotidiana.

Veja-se o caso do Galaxy Fold: os primeiros modelos tiveram de ser recolhidos e o mecanismo de dobradiça foi totalmente revisto, para evitar problemas. Isto porque, embora o ecrã possa ser dobrado, é fundamental garantir que o local onde o mesmo está aplicado não tem qualquer elemento parasita, poeiras ou outro objecto a interferir com a integridade do ecrã.

É igualmente fundamental garantir que a dobra seja efectuada de forma natural, como que um material verdadeiramente orgânico (como a nossa pele, ou a casca de um fruto), para evitar danificar os circuitos eléctricos que alimentam as células do painel OLED. Outra limitação é o facto de os ecrãs serem maleáveis, o que faz com que seja impossível a aplicação de superfícies protectoras rígidas, como os populares vidros Corning Gorilla Glass dos smartphones. Ou seja, os ecrãs dobráveis são um admirável mundo novo, mas que ainda estão a dar os primeiros passos.

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Editor da revista PCGuia, com mais de 10 anos no mercado de publicações tecnológicas. Grande adepto de tudo o que seja tecnológico, ficção científica e quatro rodas.
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