Não tenho espaço para elencar tudo o que a última keynote da Apple na WWDC trouxe de novidades, mas finalmente foi possível antever um lote de notícias e direcções que parecem devolver alguma normalidade ao mapa de produtos e sistemas da marca da maçã.
De um ponto de vista estritamente pessoal folgo (e bastante) em saber que o iPadOS vai finalmente ver a luz do dia em versão personalizada e melhorada. Faz tempo que tudo se conjugava para esta separação de águas entre iOS e iPad, porque este se tornou um caso muito sério no mercado profissional e merecia claramente trilhar um caminho só seu.
As melhorias mostradas na manipulação documental, na organização do ecrã e na alternância entre aplicações são marcos importantes que encaixam perfeitamente nos anseios dos utilizadores. Perante o que foi mostrado ficam quase completos os meus itens mais desejados (só falta mesmo um anseio antigo, um sistema multi-utilizador no iPad).
Do lado “físico” a redução de latência do Apple Pencil é saudada com palmas (quanto mais natural, melhor), do lado lógico, a inclusão de mais “gestos” no arsenal de controlo do hardware é muito bem-vinda (embora me pergunte onde é que isto vai parar em termos de complexidade porque estamos a atingir combinações de gestos que se tornam cada vez mais complicadas de executar e memorizar).
No hardware, era mais ou menos aguardado que o foco se centrasse apenas numa máquina profissional (não era difícil de adivinhar porque a Apple foi “esgotando” nas semanas anteriores o que faltava fazer em termos de refrescamento de equipamentos de consumo) e portanto foi sem surpresa que surgiu um novo Mac Pro que não tem nada de upgrade mas sim de total reinvenção de uma máquina que (infelizmente) não é ‘for the rest of us’: é um autêntico bulldozer em termos de potência computacional (e não só, uma fonte de alimentação de 1400 W deixará a companhia da eletricidade a aplaudir), mas sobretudo pelo preço a que será lançada. Os preços são salgados? Muito. É coisa para alertar a Fundação Portuguesa de Cardiologia, sim, mas olhando para as especificações e para o estado actual da arte do mercado profissional de vídeo e áudio, não deixarão de fazer sonhar muitos produtores e técnicos do ramo.
O Mac Pro veio acompanhado do anúncio de um monitor. A experiência diz-me que a Apple nunca foi muito feliz quando se dedicou a monitores. Só o futuro poderá dizer o que se vai passar em termos de qualidade (o saldo de credibilidade é mau, e um bom marketing ajuda imenso) mas que as coisas prometem muito num plano teórico, prometem.
Não comentarei o preço do suporte de monitor. Não me chegaria a revista inteira para uma imensa gargalhada.