Gente sem desafios

Por: Alexandre Gamela
Tempo de leitura: 2 min
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Desafio é não haver mais um challenge nas redes sociais todos os dias. Eis alguns exemplos.

Na categoria ‘Comer’ (cápsulas de detergente, canela, bananas e refrigerante, malaguetas ou maçarocas a rodar em berbequins), os participantes acabavam com dentes a menos, e/ou a vomitar.

Em ‘Imobilidade’ (pranchas, manequins, KO a estranhos na rua e desmaiar), os resultados foram detenções policiais, agressões, lesões permanentes e mortes causadas por quedas de alturas elevadas.

A categoria Masoquismo (esfregar borracha ou gelo e sal na pele, ser amarrado com fita adesiva) deu em ferimentos temporários e permanentes e dores. A lista continua, e continua absurda.

Os challenges são o que fazíamos com os amigos, quando éramos putos: «Não és capaz de comer/subir/saltar isso». Mas o público era apenas um bando de fedelhos sem mais nada para fazer. Agora há demasiada gente pronta a fazer figura de idiota para o planeta inteiro.

A satisfação que retiram é… nem sei. Não ficam famosos, não parecem melhores pessoas, ou mais bonitas ou mais inteligentes ou mais interessantes ou divertidas. Só mais idiotas. Mas é bom sinal, quer dizer que há muita gente no mundo que não tem nada de grave com que se preocupar, que são felizes em fazer o que lhes mandam, sem questionar. O livre arbítrio rula, certo?

O que é que lhes falta na vida para fazerem isto? Deve ser inteligência. Não interessa ser bom, interessa ser viral. No fundo, são pequenos concursos de popularidade temporária baseados em quem consegue fazer xi-xi mais longe, para as redes.

Todas as mães desde sempre: «Se saltarem de uma ponte abaixo, também saltas?» A resposta hoje: «Se for um challenge, sim». Saltem, por favor. #DarwinChallenge

A mirar o espelho negro das redes sociais desde ainda antes de haver uma série de TV sobre isso.
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