ESCANGALHAMOS-TE O TELEMÓVEL?

Por: Pedro Aniceto
Tempo de leitura: 3 min

Não sei que bicho me mordeu. Há já algum tempo que me tenho sentido verdadeiramente incomodado com a vertigem tecnológica do consumo. Eu não era assim, mas alguma coisa se modificou em mim nos últimos anos, que me tem levado lentamente a tomar uma atitude proactiva face ao dispêndio de matérias-primas e uso indiscriminado de recursos naturais na indústria tecnológica.

Esta última campanha de sensibilização para a redução do uso de plásticos faz com que hoje seja mais criterioso nas minhas escolhas. Também blasfemo bastante, mais quando me vejo livre de resíduos, porque a maioria deles são inevitáveis. Acabei de abrir uma embalagem de pilhas onde o único resíduo verdadeiramente biodegradável eram uns míseros centímetros quadrados de papel. O resto era pura, e simplesmente, uma imensidade de plástico que cada vez mais me incomoda deitar fora mesmo que num contentor de reciclagem (da qual, infelizmente, desconfio um bocado).

Isto provoca-me uma série infindável de reflexões mais ou menos frustrantes sobre a obsolescência dos equipamentos que utilizamos. Tenho feito por me regrar. A maioria do parque informático que tenho a uso é de material recuperado (e não se tema pelo grau de avaria, porque continuo a ficar embasbacado com a velocidade com que se deitam coisas fora que, afinal de contas, só têm pequenas avarias ou imperfeições, mas que foram condenados ao destruidor por gente com demasiado dinheiro nas mãos…)

Começa a ser verdadeiramente ridículo que equipamentos com seis anos deixem de ter peças garantidas para reparação. Não faz muito tempo, uma amiga confidenciou-me que um dos maiores construtores de automóveis lhe encolheu os ombros ao jeito de “tempos pena” quando ela precisou de um diferencial para um automóvel com dez anos. Não estamos a falar de um fabricante pequenino instalado num vão de escada.

A obsolescência programada é um facto e já não uma teoria de conspiração. Mas há outra pior. A obsolescência percebida, esta mania de que as nossas máquinas já estão “lentas” ou “não satisfazem” pelo simples facto de já existir uma ou mais gerações de novos produtos que nos fazem “envelhecer imaginariamente” os produtos que usamos.

Mas nisto, podemos (e devemos) ter tino…

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