Condução autónoma

Por: Gustavo Dias
Tempo de leitura: 4 min

Já imaginou o que seria sair de casa, ter de atravessar o IC19 ou a VCI e chegar ao trabalho sem tocar no volante? Esta é uma situação que será, muito brevemente uma realidade, podendo mesmo já ser experienciada quando as devidas condições estão reunidas, ao volante de automóveis como os últimos modelos Tesla com o sistema Autopilot melhorado, ou o novo Audi A8.

Este último tem ainda a particularidade de ser o primeiro automóvel de produção em série a vir equipado com sistema de condução autónoma de nível 3, que já dispensa a intervenção do condutor em certas situações.

Níveis
A melhor forma de diferenciar as capacidades dos sistemas de condução autónoma foi através da criação de cinco patamares. O nível um é o sistema mais básico, onde podemos apenas ajustar a velocidade de acordo com a distância do veículo da frente, através do cruise control adaptativo.

No nível dois encontramos um sistema mais avançado de cruise control adaptativo, que pode parar completamente o automóvel em caso de emergência; além disso, tem um controlo automático da direcção para manter o veículo dentro da faixa de rodagem.

Porém, só no nível três é que se torna desnecessária a intervenção constante do condutor, assumindo o veículo total controlo da aceleração, travagem e direcção, mas só em certas situações (como auto-estrada ou no meio do trânsito).

No nível quatro, o condutor deixa de precisar de intervir em praticamente todas as ocasiões, excepto em pequenas localidades ou zonas que não estejam devidamente cartografadas pelo sistema de navegação. Só no nível cinco é que o condutor se torna um simples passageiro.

Sensores e companhia
Para que estes conceitos se tornassem realidade, foi fundamental a utilização de diversos tipos de sensores que conseguiram criar uma leitura de toda a área em torno do veículo em tempo real.

No caso da Tesla, o sistema mais avançado de condução autónoma utiliza oito câmaras e doze sensores ultra-sónicos para identificar a presença de veículos em torno do automóvel, sendo todo o sistema controlado por um poderoso processador desenvolvido e produzido pela Nvidia (Nvidia Drive AGX), o mesmo utilizado por quase todos os restantes fabricantes automóveis.

Porém, ao contrário da Tesla, fabricantes como a Audi assumem que são necessários diferentes tipos de sensores para garantir uma maior eficácia, razão pela qual automóveis como os novos Audi A8, A7 e A6 vêm equipados com um sensor laser que detecta objectos (carros, peões e animais) até oitenta metros num ângulo de 45º, com uma precisão única e em milissegundos.

Os radares de longo alcance (LIDAR) continuam presentes, bem como quatro câmaras para vista de 360 graus, vários sensores ultra-sónicos e câmaras frontais de longo alcance. De referir que todos estes sistemas funcionam em conjunto com os mapas de alta-definição do sistema de navegação (da Here) para antever as características do percurso.

Veículos Autónomos em Portugal
Entre de 15 a 18 de Outubro, Portugal recebeu o primeiro teste piloto em estrada com dois veículos autónomos, na A9 (CREL), entre os nós da Pontinha e Odivelas, em condições normais de trânsito. Contudo, e por questões de segurança, os veículos foram escoltados pela GNR e tinham uma equipa de investigadores a bordo, com um condutor capaz de intervir em caso de necessidade. Este teste decorreu no âmbito do projecto europeu AUTOC-ITS, para o desenvolvimento de soluções para veículos autónomos, bem como para o estudo da reacção dos sistemas para situações simuladas, como piso escorregadio, veículos imobilizados e em marcha lenta.

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Editor da revista PCGuia, com mais de 10 anos no mercado de publicações tecnológicas. Grande adepto de tudo o que seja tecnológico, ficção científica e quatro rodas.
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