Huawei P20 – A espera terminou. Terá valido a pena?

Por: Gustavo Dias
Tempo de leitura: 12 min

Agora que a nova série de smartphones da família P foi revelada pela Huawei, em Paris, já podemos apresentar-lhe, com mais detalhe, a principal novidade deste equipamento, a câmara, mas não sem antes lhe falar dos equipamentos em si. Para tal fomos, a convite da Huawei Portugal, a um briefing dado por Arne Herkelmann, responsável pelo portfólio e planeamento de smartphones da Huawei na Europa, que decorreu no início do mês de Março, no Palácio Somerset House, em Londres.

Depois do breve briefing, foi possível experimentarmos os três novos equipamentos da série P, o P20, P20 Lite e P20 Pro. Visualmente são todos semelhantes, diferenciando-se entre si pelo ecrã usado, um ecrã LCD de 5,8 polegadas para o P20 e P20 Lite e AMOLED de 6,1 polegadas para o P20 Pro, na colocação do sensor de impressões digitais (traseira no caso do P20 Lite) e pelo número de sensores de imagem, mas já falaremos sobre isso mais à frente.

Recorrendo a uma estrutura metálica, os painéis frontais e traseiros recorrem painéis de vidro curvo resistente, seguindo assim as últimas tendências de mercado. À semelhança do Mate 10, também o P20 terá certificação IP67 (à prova de água e poeiras), mas só na versão Pro.

E por falar em tendências, não poderíamos deixar passar em branco o facto de a Huawei ter optado pela utilização do famoso notch, ou entalhe no topo do ecrã, tendo este como propósito permitir alojar o altifalante, sensor de imagem frontal e sensores de luminosidade e proximidade, situação essa que, felizmente, permitiu reduzir ao mínimo possível esse entalhe no ecrã.

Processamento de topo

Tanto o P20 como o P20 Pro estão equipados com o já conhecido SoC HiSilicon Kirin 970, composto por um processador Octa-Core com quatro núcleos Cortex-A73 a 2,4GHz e quatro núcleos Cortex-A53 a 1,8GHz. Igualmente presente está o já conhecido co-processador de inteligência artificial, designado de NPU (Neural Processing Unit), que desempenha no P20 um papel fundamental para o diferenciar de qualquer outro smartphone do mercado. Bem mais do que no Huawei Mate 10 Pro, equipamento onde o mesmo foi revelado. Dentro do SoC Kirin 970, encontra-se presente um GPU Mali-G72 MP12 que, tal como descobrimos no já referido Mate 10 Pro, oferece até 50% de maior desempenho que o anterior Mali-G71, presente no SoC Kirin 960, que equipava o Huawei P10 e Mate 9.

No caso do P20 Lite, como seria de prever, encontrámos um SoC de gama média, o HiSilicon Kirin 659, equipado com CPU Octa-Core de quatro núcleos de 2,36GHz e quatro núcleos de 1,7GHz, ambos Cortex-A53, e um GPU Mali-T830 MP2. No que toca às restantes características técnicas, o P20 Lite incluirá 4GB de memória RAM e 64GB de armazenamento, estando o P20 disponível tanto com 4GB de RAM e 64GB de armazenamento, como 6GB de RAM e 128GB de armazenamento, combinação esta que será a única disponível no P20 Pro. Todos os equipamentos podem expandir o seu espaço de armazenamento através do recurso a um cartão MicroSD. Em termos de bateria, encontrará 3000 mAh no P20 Lite, 3400 mAh no P20 e 4000 mAh no P20 Pro.

Câmaras inteligentes

Onde a nova família de smartphones P20 se diferenciará das anteriores será na aplicação dos algoritmos de inteligência artificial, provenientes do NPU no processamento de imagem dos dois modelos de topo, o P20 e P20 Pro. Esta funcionalidade adicional permitirá não só simplificar o processo de captação da imagem, através do ajuste automático das definições da imagem (como exposição, balanceamento de brancos, entre outros), como após a captação, no momento do processamento da imagem captada. Esta última funcionalidade foi perfeitamente demonstrada nos cenários de teste criados, para que pudéssemos comprovar as novas capacidades das câmaras do P20 e P20 Pro.

Em termos de características técnicas, o P20 Lite utiliza uma solução já encontrada em outros terminais de gama média, como o P Smart e Mate 10 Lite, com duplo sensor traseiro composto por um sensor principal de 16 megapixéis e abertura f/2.2, acompanhado por um sensor secundário de apenas 2MP, que tem como função ajudar na criação do efeito de Bokeh, ou seja, desfocar o fundo da imagem, tal como é possível fazer com uma câmara fotográfica. No P20 a solução usada é semelhante à do Mate 10 Pro, com um sensor principal de 12 MP RGB com estabilização de imagem óptico e abertura f/1.7, tal como o sensor secundário monocromático de 20 MP. Já o P20 Pro oferece uma solução bastante diferente.

Trata-se do primeiro smartphone do mercado a utiliza três sensores de imagem traseiros, sendo este composto pelo já conhecido sensor monocromático de 20MP, um sensor adicional de 8MP telefoto, e um sensor principal RGB de 40 megapixéis com abertura f/1.6. Este sensor utiliza a tecnologia Light Fusion, que permite condensar a informação captada por 4 píxeis de imagens para um só píxel de imagem, garantindo assim um melhor aproveitamento de detalhes e texturas que serão usados na imagem final. A tudo isto junta-se o facto de a Huawei recorrer a vidro desenvolvido e aprovado pela Leica nas objectivas, em vez das tradicionais objectivas em plástico ou vidro simples de qualquer outro smartphone.

Por usar uma resolução tão elevada, é possível criar um efeito de Zoom óptico de 3x, utilizando apenas o sensor principal, sendo necessário reduzir a resolução para os 12 MP. Recorrendo ao já referido sensor telefoto de 8MP, é possível ampliar esse valor para um Zoom híbrido de 5x. É por esta razão que a Huawei anuncia que o P20 Pro tenha descrito no painel traseiro que conta com objectivas Leica Zoom Vario-Summilux-H 1:1.6-2.4/27-80 ASPH, como se de uma câmara fotográfica profissional se tratasse.

Experimentação

Para garantir que todas estas capacidades sejam aproveitadas na vida real, a Huawei tira total partido das capacidades de processamento da unidade NPU do processador Kirin 960, bem como de um sistema de focagem automático muito eficaz, recorrendo à tecnologia 4D Predictive Focus, solução similar à utilizada pela Sony nas suas máquinas fotográficas profissionais. Para comprovarmos as excepcionais capacidades deste smartphone, a Huawei criou vários cenários onde pudemos comparar os resultados dos nossos smartphones (utilizamos um Huawei Mate 10 Porsche Design e um Samsung Galaxy S9 Plus). No cenário do Zoom de 5x, composto por uma espécie de funil com balões metalizados e um conjunto de letras ao fundo de efeito similar a um teste de oftalmologia, P20 Pro conseguiu reunir as informações do sensor telefoto de 8MP com o de 40MP, criando uma imagem de alta resolução, cheia de detalhe, com 10MP.

Fotografia tirada com Huawei Mate 10 Pro
Huawei P20 Pro a tirar partido do Zoom 5x
Fotografia com Zoom 5x no Huawei P20 Pro

Igualmente impressionante foi o cenário de captação de imagens em baixa luminosidade, onde o recurso ao módulo de inteligência artificial se revelou como fundamental. Para tal utilizámos duas definições da câmara, o modo automático, que conseguiu captar alguma luz num cenário composto por uma silhueta de Paris, mas foi no modo nocturno que o P20 Pro brilhou. Aqui, o módulo de inteligência artificial consegue captar imagens de exposição longa, que podem durar até 8 segundos, fazendo de seguida a ligação entre as mesmas, eliminando por completo o ruído e possível desfoque. Além do resultado ter impressionado, ficámos surpreendidos também pelo facto de já não ser preciso o recurso a um apoio ou a um tripé para garantir imagens perfeitas com longa exposição.

Huawei Mate 10 Pro a fotografar o P20 Pro durante a captação em modo nocturno
Fotografia em modo automático no Huawei P20 Pro
Fotografia em modo nocturno no Huawei P20 Pro

Por fim tivemos acesso a um cenário de câmara lenta, aproveitando assim o facto de o sensor principal do P20 Pro conseguir captar vídeo em modo Super Slow Motion. Este, à semelhança do modo usado pelo Samsung Galaxy S9 e S9 Plus, capta o vídeo a uma resolução HD (720p), mas tem em contrapartida a capacidade de captar com menos ruído e mais detalhe que o smartphone rival Coreano em situações com fraca luminosidade. Onde perde face ao Galaxy S9 é no processo de captação, pois não existe solução para simplificar a activação do modo Super Slow Motion, obrigando-nos a adivinhar o momento que queremos captar a 960 imagens por segundo.

Depois de tudo isto é impossível não ficarmos fascinados com as capacidades das câmaras dos novos Huawei P20, em especial do P20 Pro, ficando aqui o nosso desejo expresso de podermos comprovar estas capacidades em condições reais do dia-a-dia, quando obtivermos uma unidade para testes. Relativamente a preços, os novos Huawei P20 já estão disponíveis, a partir de hoje, no mercado nacional, por 399 euros para o Huawei P20 Lite, 699 euros para o Huawei P20 (versão de 4GB RAM e 64GB) e 899 euros para o Huawei P20 Pro.

Tivemos, durante cerca de uma hora, vários Huawei P20 Pro para testar as capacidades das novas câmaras
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Editor da revista PCGuia, com mais de 10 anos no mercado de publicações tecnológicas. Grande adepto de tudo o que seja tecnológico, ficção científica e quatro rodas.
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