O Turbo Pascal faz 40 anos

O Turbo Pascal foi uma das linguagens mais importantes do inicio da democratização dos computadores pessoais e serviu de base para os ambientes de desenvolvimento modernos.

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 4 min

A linguagem de programação Pascal foi desenvolvida originalmente por um cientista suíço chamado Niklaus Wirth. A linguagem foi pensada de forma a encorajar boas práticas de programação. A linguagem apareceu em 1970, mas só ganhou importância anos mais tarde, com o lançamento dos computadores IBM PC e principalmente devido à grande popularidade do Turbo Pascal, editado pela Borland.

A linguagem Turbo Pascal foi lançada em 1983 para sistemas com MS-DOS e CP/M e trouxe um novo vigor ao mercado da programação amadora. Na altura, as linguagens de programação eram, muitas vezes, mantas de retalhos que juntavam várias ferramentas de programação diferentes. Mas o Turbo Pascal, desenvolvido por Anders Hejlsberg na Borland, era diferente porque oferecia um ambiente de desenvolvimento completo, desenhado para optimizar o desempenho e os fluxos de trabalho.

O Turbo Pascal foi um dos primeiros ambientes integrados de desenvolvimento (Integrated Development Environment, ou IDE), com uma interface de texto onde os programadores podiam escrever o código, compilá-lo e ligá-lo com as bibliotecas externas que fossem necessárias. O primeiro IDE do Turbo Pascal foi escrito em Assembler e permitia a compilação do código directamente na memória RAM para melhorar o desempenho.

A linguagem era muito rápida, conveniente e mais barata que as outras disponíveis na altura. O CEO da Borland, Philippe Kahn, decidiu vender o software através de encomendas postais a preços baixos, o que ajudou muito a cimentar a reputação da empresa.

A primeira versão do Turbo Pascal tinha muitas limitações, porque só conseguia produzir ficheiros executáveis .COM para DOS e CP/M. Seguiram-se várias actualizações e em 1987, o Turbo Pascal 4 trouxe muitos melhoramentos que o transformaram numa plataforma de desenvolvimento madura. A partir desta versão, o Turbo Pascla deixou de ser compatível com CP/M e CP/M-86 e o novo compilador já podia produzir ficheiros executáveis .EXE em MS-DOS.

O Turbo Pascal 4 também introduziu uma interface com menus e a versão 5, lançada em 1988, trouxe o conhecido fundo azul. O Turbo Pascal 5.5, lançado um ano depois, adicionou funcionalidades de programação orientada por objectos, incluindo classes, e um debugger passo a passo.

As duas últimas versões do Turbo Pascal para DOS foram a 6 e a 7 e permitiam a produção de executáveis para Windows 3.x e de bibliotecas DLL. A seguir, a Borland abandonou progressivamente o Turbo Pascal para se concentrar na linguagem Delphi, ou Object Pascal. Apesar disto, o Turbo Pascal conseguiu sobreviver à morte dos sistemas operativos com interfaces de texto, como o MS-DOS.

Devido a ser uma linguagem com significado histórico, a Borland lançou quatro versões do Turbo Pascal (1, 3.02, 5.5, 7.01) sob a forma de freeware. Para além destas versões, o Free Pascal é um compilador de código aberto compatível com algumas variantes da linguagem Pascal. Quem quiser, pode também descarregar uma versão do Turbo Pascal que funciona através do DOSbox.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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