Cloud, metaverso e Egipto: o que anda a “cozinhar” a Fundação Champalimaud?

Em causa está um ecossistema desenvolvido «exclusivamente para a área da cirurgia do cancro da mama», mas cujo âmbito «poderá vir a expandir-se».

Por: Ricardo Durand
Tempo de leitura: 3 min
©Fundação Champalimaud

Se não está a ver o sentido que fazem estas palavras juntas no título, vai mesmo ter de ler até ao fim. Começamos pelo princípio, para tornar as coisas mais simples: uma equipa de cientistas da Fundação Champalimaud, do Data Surgery Lab, criou um projecto «inédito» de imagiologia centralizada, uniformizada e standardizada da cloud para «facilitar o acesso seguro a informações médicas anonimizadas».

Actualmente, e na «maioria dos centros na Europa», o acesso a este tipo de dados tem de ser feito de forma física: «Tem de se ir aos hospitais consultar os arquivos de imagens de doentes e gravar a informação em CD», explica Pedro Gouveia (cirurgião), líder da equipa que desenvolveu esta plataforma.

A primeira palavra do título está, assim, justificada – passamos à segunda, que é o que vai caracterizar a próxima fase deste projecto. A ideia passa por criar um «dispositivo médico comercial» que permita aos médicos «aceder aos dados de saúde e de imagem [que estiverem na cloud] através de óculos de realidade aumentada» – é o verdadeiro «metaverso cirúrgico», sublinha Pedro Gouveia, que aponta este caminho como o «futuro da cirurgia».

Com base neste sistema, que se chama MetaBrest (‘brest’ é seio/mama, em inglês, numa relação com o cancro deste tipo) os médicos vão poder ter acesso aos dados dos pacientes com quando estiverem numa operação – mais: «Os cirurgiões poderão sobrepor diversas imagens radiológicas ao corpo real da doente, em directo no bloco operatório, tornando a cirurgia mais precisa».

©Fundação Champalimaud | A equipa do Data Surgery Lab que desenvolveu o projecto MetaBrest.

Isto leva-nos até à última palavra, ao país dos faraós: o dispositivo que vai servir para aceder ao metaverso vai ter o nome do deus egípcio da medicina e da magia, Heka.

A ideia foi de Tiago Marques, neurocientista e especialista em visão artificial, que também está na equipa do Digital Surgery Lab. «Temos um roadmap a cinco anos com necessidades de investimento de treze milhões de euros para realizar todos os ensaios clínicos necessários e colocar o dispositivo no mercado», diz Pedro Gouveia.

Para já, este ecossistema está a ser desenvolvido «exclusivamente para a área da cirurgia do cancro da mama», mas o cirurgião diz que o seu âmbito «poderá obviamente vir a expandir-se». Todos os detalhes sobre esta inovação da Fundação Champalimaud podem ser vistas aqui.

Por: Ricardo Durand Editor
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Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo email rdurand@pcguia.fidemo.pt.
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