Investigadores portugueses levam drones e inteligência artificial ao Japão para apanhar lixo marinho

Ao juntar estas duas tecnologias, será possível criar «mapas de lixo marinho» para «optimizar operações de limpeza».

Por: Ricardo Durand
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Projeto utiliza drones low-cost para mapear lixo nas praias

É uma das «ferramentas mais promissoras para a monitorização de lixo marinho» com dimensão superior a 2,5 cm: os drones são o grande destaque do projecto nacional UAS4Litter, que vai ser apresentado numa reunião com o Ministério do Ambiente do Japão, durante a próxima semana.

Além dos drones (low-cost, que têm câmaras «RGB e/ou multiespectrais» e voam a cerca de vinte metros do solo UAS4Litter), o projecto usa ainda «métodos automáticos baseados em inteligência artificial» para fazer a «detecção e identificação do lixo em ortomosaicos (ou imagens)».

Neste grupo de investigadores nacionais (o Smart Marine Litter Remote Sensing Technology – SmartMLRST), que faz parte da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, estão Gil Gonçalves e Umberto Andriolo: «A reunião servirá para definir as directrizes relativas à monitorização do lixo marinho das praias da costa japonesa, recorrendo a drones e IA», explicam os dois cientistas.

©Universidade de Coimbra | A actual equipa SmartMLRST que vai ao Japão apresentar o UAS4Litter – Gil Gonçalves aparece em primeiro plano, com o comando do drone.

Ao juntar estas duas tecnologias, será possível criar «mapas de lixo marinho» para «optimizar operações de limpeza», assim como fazer a «integração da morfologia das praias, dunas e forças ambientais (ondas, maré e vento), para caracterizar a abundância e dinâmica do lixo marinho nos sistemas costeiros».

Este projecto nacional quer ainda ajudar a «atingir os objetivos traçados na cimeira do G20, realizada em 2019 sob a égide da Visão do Oceano Azul de Osaka», cujo objectivo passa por «reduzir a zero a poluição causada pelo lixo marinho, incluindo plásticos, até 2050».

O Japão não é o único país interessado no recurso proposto pelo grupo SmartMLRST: o UAS4Litter foi também «apresentado ao Ministério Público do Estado de São Paulo, que o pretende implementar na monitorização do lixo marinho nas áreas costeiras de Guarujá» conclui a da Universidade de Coimbra.

©Universidade de Coimbra | É assim que funciona o UAS4Litter: começa com a detecção do lixo pelo drone e acaba com a criação dos respectivos mapas das praias.

O período de desenvolvimento inicial arrancou em 2018 e foi concluído em 2021, com a equipa original a ser composta por Gil Gonçalves, Ana Filipa Bessa, Luísa Gonçalves e Paula Sobral. O UAS4Litter teve um financiamento de 204 967 mil euros no âmbito do programa Compete 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

Por: Ricardo Durand Editor
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Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo email rdurand@pcguia.fidemo.pt.
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