Realidades, há muitas!

Por: Pedro Aniceto
Tempo de leitura: 3 min
Minh Pham/Unsplash

Dificilmente se encontrará na história da indústria electrónica um momento tão confuso como o que actualmente se vive em relação à tecnologia de realidade virtual. Na verdade, nenhum standard ou tendência parece verdadeiramente bem definido ou parece posicionar-se como opção industrial definitiva. Das três grandes opções filosóficas disponíveis, RA (realidade aumentada), RV (realidade virtual) e RM (realidade mista), parece ser de uma delas (ou da amálgama de algumas) que há-de, um dia, fazer-se o futuro. Um futuro que há-de, forçosamente, trazer hardware que nos alimente os sentidos, sendo que, para já, apenas dois parecem estar sólidos na lista de requisitos (visão e audição). E mesmo assim, ainda de forma relativamente débil.

Se, por um lado, nos acenam com informação projectada em superfícies diversas, e a mim espanta-me que a indústria automóvel esteja a tardar em usá-la como standard, usando em vez disso ecrãs cada vez maiores embutidos nas consolas dos automóveis, a realidade actual são headsets que mais parecem capacetes do Mandalorian, pouco práticos para serem envergados em tarefas banais de dia-a-dia.

Há rumores por toda a parte, a maior parte deles a dizer que alguns grandes construtores estão a “congelar” planos de dispositivos que sejam verdadeiramente práticos para uso generalizado. No plano teórico, é uma revolução (mais uma) a que assistiremos (embora eu já esteja numa gama de idade em que tenho de fazer contas de cabeça…). O marketing e as vendas nunca mais serão os mesmos, a partir do momento em que a distância física entre vendedor e consumidor for anulada. As portas dos nossos cérebros ficarão muito próximas da origem do estímulo e isto é verdadeiramente excitante: as possibilidades serão ilimitadas no que dirá respeito aos aspectos práticos da vida pessoal e profissional. A lista de “sonhos” é infindável. Mas estamos ainda numa fase de “sonhos”, ainda não se vislumbra uma filosofia sólida, mais ou menos uniforme que permita ao mundo um outro rasgo audacioso. Se olharmos para trás, já temos um apreciável conjunto de hardware que não vingou, degraus falhados de uma escada que inevitavelmente iremos subir bem devagar. Com cuidado, para não se tropeçar por culpa de um capacete enfiado na cabeça, que não dá jeito usar.

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