PlayStation VR2

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 12 min

O PlayStation VR original, lançado no final de 2016, foi a segunda vez que um fabricante de consolas tentou vender um dispositivo de realidade virtual, depois do falhanço do Virtual Boy da Nintendo, que surgiu em 1995 e só durou um ano.

Embora fosse um dispositivo revolucionário, principalmente por se poder ligar a uma consola, PlayStation VR original era muito limitado. O ecrã era 1080p, precisava de uma câmara para melhorar a precisão do seguimento dos movimentos da cabeça e as ligações eram tudo menos práticas. Os comandos que a Sony escolheu para este dispositivo eram os PlayStation Move, que tinham sido lançados para a PlayStation 3 muito tempo antes.

O PlayStation VR2 é um “animal” completamente diferente. Embora a Sony tenha aproveitado algumas características do modelo anterior, como o sistema de fixação à cabeça do utilizador, as características que ele tem colocam-no mais perto do que de melhor se faz neste campo e ainda por cima a um preço mais baixo.

O headset

O PlayStation VR2 tem um design bastante mais futurista que o modelo original. A parte da frente já não é plana e em vez dos 4 LED tem 4 câmaras, que servem para detectar e mapear o ambiente à volta do utilizador. A ligação à consola é agora feita através de um único cabo USB Type-C, que transporta todos os sinais: vídeo, áudio 3D e informação de seguimento de movimentos da cabeça e dos olhos.

As câmaras frontais também permitem ao utilizador ver aquilo que o rodeia, para verificar se há obstáculos ou quando é necessário falar com alguém, sem ter de tirar o headset. Quando se usa esta funcionalidade, parece que se está a usar um daqueles óculos de visão nocturna que vêem em alguns filmes.

Uma outra funcionalidade engraçada que a Sony inclui no PlayStation VR2, é o feedback háptico na cabeça que dá uma nova dimensão à acção.

O Sony PS VR2 visto na diagonal. Vêm-se as 4 câmaras e os dois botões inferiores. No meio, está o que serve para ligar e desligar e do lado esquerdo da imagem está o botão que permite ver o que rodeia o utilizador enquanto o usa.

O ecrã OLED já não é 1080p, agora permite uma resolução de 2000 x 2040 por cada olho, com uma taxa de actualização máxima de 120 Hz (tal como no original). Junto ao ecrã está um sensor que faz o rastreamento da direcção dos olhos. Isto permite ao utilizador, por exemplo, navegar por menus dos jogos só com o olhar, tudo sem ter de mexer a cabeça. Posso dizer que esta funcionalidade é estranha no início, mas depois de nos habituarmos a ela torna-se completamente natural e tem uma precisão muito boa.

Para lá da navegação pelos menus e possíveis utilizações em jogos, o sistema de seguimento dos olhos também serve para que se possa usar uma tecnologia chamada “Foveated Rendering”. Esta tecnologia, serve para reduzir substancialmente a carga do GPU, através da redução da qualidade da renderização dos gráficos nas zonas do ecrã, que estão na visão periférica do utilizador por isso, o software tem de saber para onde o utilizador está a olhar.

Para além de tudo isto, o PS VR2 tem todos os sensores que se conseguem encontrar em dispositivos deste tipo, como um acelerómetro e um giroscópio, que servem para monitorizar a orientação e movimentos do utilizador.

Na parte de baixo da zona do ecrã do headset estão dois botões: um que liga e desliga o sistema e outro que serve para ligar a funcionalidade de vista exterior e fazer algumas acções na interface.

Os auscultadores

O PlayStation VR2, inclui uns auscultadores in-ear que se ligam por baixo da peça traseira que segura o headset à cabeça. À primeira vista, os auscultadores parecem algo que se compra numa loja de produtos de baixo custo, mas o som não é mau de todo, mas preferia que tivessem uns auscultadores com uma gama dinâmica melhor. A grande vantagem é que, como estão presos directamente à estrutura do headset é uma coisa a menos que se tem de meter na cabeça quando se quer usar o PS VR2.

Os comandos

Os comandos que acompanham o PlayStation VR2, chamam-se PlayStation VR2 Sense e são, essencialmente, um comando de PlayStation 5 dividido ao meio. Os quatro botões do comando “normal”, estão divididos pelas duas mãos e estão presentes dois gatilhos com as mesmas funcionalidades hápticas do DualSense “normal”, dois manípulos analógicos e dois botões PlayStation. O D-Pad desaparece e o sensor de toque do comando da PlayStation 5 também está dividido entre os dois VR2 Sense, o que lhes permite detectarem que o utilizador está a segurar neles e com quantos dedos.

Os comandos VR2 Sense

Os comandos têm um design muito melhor que outros que temos visto e são mais compactos, o que é uma vantagem quando se tem pouco espaço. Embora os comandos estejam cheios de tecnologia, é aqui que começam as dificuldades: a bateria tem pouca capacidade e como a Sony só inclui um cabo de carregamento, têm de se carregar à vez.

A precisão da detecção dos movimentos e dos dedos é impressionante. Os comandos são muito confortáveis e depois de nos habituarmos a ter os botões distribuídos pelas duas mãos a utilização é fácil.

Configuração e utilização

A configuração inicial é fácil e relativamente rápida. Basta ligar o PS VR2 à entrada USB Type-C frontal da PlayStation 5 para iniciar o processo. A rotina de configuração passa pelo ajuste do headset, calibração do sistema de seguimento dos olhos e o mais importante, a definição da área de jogo. O software de configuração permite definir se quer jogar sentado ou em pé.

Naturalmente, se quiser jogar em pé e deslocar-se precisa de mais espaço, no mínimo um quadrado de 2 x 2 metros. Se quiser jogar sentado, ou em pé sem sair do sítio, basta uma zona quadrada com 1 x 1 metros.

Para colocar o headset, a peça que frontal, que suporta o ecrã, pode ser puxada para a frente e o suporte traseiro pode pode ser esticado. Depois de estar na cabeça, o utilizador pode ajustar o comprimento a peça traseira e aproximar o ecrã dos olhos.

OS PS VR2 visto de cima. É esquerda está a roda que permite definir a distância entre os olhos e à esquerda está o botão que permite afastar o ecrã dos olhos. Na parte de trás do suporte está a peça que permite ajustar o headset ao diâmetro da cabeça. 

O headset em si não é pesado, mas tem uma peça de borracha que está em contacto com a cara do utilizador, que ao fim de algum tempo começa a fazer algum calor e torna-se desconfortável. Talvez seja intencional para que o utilizador faça umas pausas de vez em quando.

A qualidade da imagem é impressionante, e se compararmos com a do modelo anterior é mesmo um avanço monumental. A precisão do seguimento dos movimentos da cabeça também é impressionante e não se consegue discernir nenhum lag. As cores são muito vivas e o efeito 3D estereoscópico funciona bastante bem. O PS VR2 tem um pouco mais de angulo de visão que o modelo anterior, o que é bom porque permite perceber movimentos dentro do campo da visão periférica, o que melhora a imersão nos jogos.

Francamente, nos jogos que experimentei não consegui detectar a vibração do headset, muito provavelmente porque estava a prestar atenção à acção. Mas ele existe e sente-se quando se liga o headset.

Os comandos são muito ergonómicos e como já mencionei, são bastante compactos. A precisão da detecção de movimentos é excelente, por exemplo: em Horizon Call of the Mountain, pode pegar-se em dois objectos e experimentar fazer malabarismo com eles, só é preciso aprender o ritmo de toques nos botões. No mesmo jogo, também há instrumentos musicais que se podem tocar com facilidade.

Mas, realmente a vida da bateria dos comandos podia ser melhor e o facto de só se conseguir carregar um comando de cada vez (se usar apenas o cabo que vem dentro da caixa) é um problema.


Dados técnicos

Headset

Tipo de ecrã: OLED

Resolução: 2000 x 2040 por olho

Taxa de actualização: 90 Hz, 120 Hz

Separação de lentes: Ajustável

Campo de visão: Aprox. 110 graus

Sensores:

  • Sensor de movimento: sistema de detecção de movimentos de seis eixos (giroscópio de três eixos, acelerómetro de três eixos)
  • Sensor de fixação: sensor de proximidade IR

Câmaras:

  • 4 Câmaras incorporadas para rastrear o dispositivo e o comando
  • Câmara IR para o seguimento ocular por cada olho

Reacção: Vibração no dispositivo

Ligações: USB Type-C

Áudio:

  • Entrada: microfone incorporado
  • Saída: cabo de auriculares estéreo

Comandos

Botões

  • Direita
    Botão PS, botão de opções, botões de acção (Círculo / Xis), botão R1, botão R2, manípulo direito / botão R3
  • Esquerda
    botão PS, botão de criação, botões de acção (Triângulo / Quadrado), botão L1, botão L2, manípulo esquerdo / botão L3

Detecção/Rastreamento

  • Sensor de movimento: sistema de detecção de movimentos de seis eixos (giroscópio de três eixos, acelerómetro de três eixos)
  • Sensor capacitivo: detecção de toque
  • LED IR: rastreamento da posição

Reacção: Efeito de gatilho (no botão R2/ L2), reacção táctil (por actuador individual por unidade)

Ligações: USB Type-C, Bluetooth 5.1

Bateria: Recarregável de iões de lítio


Distribuidor: Sony

Preço: €599


Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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