Aigoo

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 2 min

Aigoo não é nome de aplicação. É uma expressão coreana muito utilizada na cultura K-Pop e que, na sua essência e na língua portuguesa, pode ser traduzida por um redondo ‘PQP’. Deve ter sido um “aigoo” que um dos co-CEO da KakaoTalk, a mais popular app de messaging sul-coreana, soltou quando um fogo deflagrou num data center e cortou a energia a trinta e dois mil servidores que dão lhe dão suporte. Ou parte do suporte, dado que a KakaoTalk usa cerca de cem mil.

A app tem cerca de 47 milhões de contas ativas na Coreia do Sul, o que equivale a dizer que 90% da população sul-coreana utiliza os seus serviços. E sim, provavelmente os BTS também. Porquê a referência à banda de K-Pop? Crê-se que a economia do país irá perder 3,6 mil milhões de dólares por ano durante a pausa que estes irão fazer para cumprir o serviço militar obrigatório. Solte-se mais um “aigoo”.

Tentemos acompanhar o raciocínio do presidente Yoon Suk-yeol quando apelou à tomada urgente de medidas para que os serviços da aplicação fossem de novo colocados operacionais. Num país onde a taxa de suicídio é altíssima, deixar 53 milhões de utilizadores sem a possibilidade de levantar dinheiro dos ATM, fazer compras essenciais, chamar um táxi ou mandar uma mensagem à família ou amigos durante mais de 24 horas é como atear fogo numa fábrica de pirotecnia. Em Portugal precisaríamos de, pelo menos, cinco Marcelos a pedir explicações nas televisões.

Yoon Suk-yeol chegou mesmo a questionar o papel da KakaoTalk no país. O monopólio por esta conquistado é de tal extensão, que quase serve de infraestrutura nacional e, quando assim é, medidas são necessárias para proteger a população. Um dos co-CEO não cometeu um haraquiri japonês, mas por certo soltou o aigoo sul-coreano, quando se viu forçado a demitir-se.

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