Review – AMD Ryzen 7 5800X3D

O lançamento de uma nova tecnologia nem sempre corre nas melhores condições. Veja-se o caso dos processadores Intel Lakerfield, os primeiros processadores híbridos da Intel, que foram um autêntico fiasco, e que a Intel rapidamente optou por eliminar, antes que estes viessem manchar a reputação dos “futuros” processadores híbridos, os actuais Intel Core de 12ª geração Alder Lake.

Felizmente a AMD foi mais feliz com a introdução da nova tecnologia 3D V-Cache, que foi aplicada na bem-sucedida arquitectura Zen3 e que, segundo facilmente conseguimos comprovar, deverá ser futuramente aplicada na nova arquitectura Zen4, que estará a poucos dias de ser oficialmente lançada no mercado, com os novos processadores Ryzen da série 7000.

3D V-Cache

Mas o que significa este “palavrão”? Trata-se de uma solução, que já é utilizada em diversas outras soluções, como é o caso dos sensores de imagem CMOS, com memória empilhada no mesmo. Porém, a AMD decidiu levar este conceito mais ao pormenor, e decidiu aplicar uma camada de memória SRAM sobre a actual cache L3 de um dos seus processadores já existentes.

Através desta solução, a AMD consegue assim pegar num processador já com uma considerável quantidade de memória cache integrada, como os 32 MB por cada módulo de núcleos (CCX) disponíveis no nível 3 (L3), e aplicar uma camada adicional com 64 MB, que graças à forma como está estruturalmente ligada, é reconhecida pelo sistema como um acrescento à actual cache L3, gerando assim uma cache L3 combinada de 96 MB.

Naturalmente que existem limitações em termos de latências, mas esses valores serão praticamente insignificantes, uma vez que praticamente todo o processamento da memória cache é efectuada pelos transístores colocados na face do CCX, sendo a nova camada superior apenas para armazenamento dos dados. Conseguimos comprovar isso no teste de latência de cache L3 do AIDA64, com o Ryzen 7 5800X3D a obter 12,2 ns de latência, e o Ryzen 9 5900X a obter 11,5 ns.

Ryzen 7 5800X3D

Como já deverá imaginar pelo nome deste novo processador da AMD, o processador original é o Ryzen 7 5800X, um modelo de oito núcleos que partilha com o Ryzen 5 5600X o facto de utilizarem apenas um módulo de núcleos (CCX), em vez de dois, como acontece nos modelos de topo, os Ryzen 9 5900X e 5950X. Isto deve-se à limitação da arquitectura Zen3, que utiliza uma estrutura de chiplets, ou seja, o CCD (Core Chiplet Die) destes processadores pode receber até dois CCX, mas estes estão limitados a oito núcleos funcionais.

Isto significa que um Ryzen 5 5600X de seis núcleos utiliza, na realidade, um CCX de oito núcleos físicos, mas só tem seis funcionais. No caso do Ryzen 9 5900X, este precisa de utilizar dois CCX, mas ambos, embora tenham 8 núcleos físicos cada, só seis estão activos em cada CCX, para um total de 12 núcleos activos. Esta solução permite tornar a produção destes processadores mais eficaz, diminuindo assim os desperdícios anteriormente ocorridos em soluções monolíticas, em que todos os elementos estavam integrados num só chip.

Relativamente ao processador em si, este modelo utiliza os já referidos 8 núcleos e 16 threads (instruções por ciclo), estando estes programados para trabalhar a uma frequência de 3400 MHz na sua frequência base, e 4500 MHz em modo Boost. Tem um total de 96 MB de memória cache L3, e, segundo a AMD, utiliza o mesmo TDP de 105W, idêntico ao Ryzen 7 5800X, fruto da ligeira redução das frequências de funcionamento.

Configuração de sistema

Para comprovarmos a eficiência desde processador, decidimos utilizá-lo numa plataforma de topo, composta por uma motherboard Asus ROG Crosshair VIII Dark Hero X570, Kingston Fury Renegade 2x 16GB DDR4-3600 CL16, um SSD Kioxia Exceria Pro de 2 TB NVMe PCIe 4.0 e uma AMD Radeon RX 6800XT, acompanhada pelos drivers mais recentes da AMD, os AMD Software: Adrenalin Edition 22.7.1, instalados num sistema com o Windows 10 Pro e com todas as actualizações instaladas.

O processador foi arrefecido por um dissipador Noctua NH-U12S Redux que, embora seja um dissipador mais acessível, demonstrou ser perfeitamente capaz de arrefecer este processador, que nunca superou os 89ºC em carga máxima (loop de Cinebench R23). O monitor utilizado foi o novíssimo KFA2 Vivance-01 de 27 polegadas, de resolução QHD e 165 Hz de taxa de actualização.

Benchmarks

Nos testes sintéticos, como seria de prever, este processador, por manter a estrutura de oito núcleos (num só CCX) e por ver as frequências ligeiramente reduzidas face ao Ryzen 7 5800X original, fez com que a cache L3 adicional acabasse por não influenciar positivamente nos benchmarks, mas isto é algo que já estávamos à espera, e a própria AMD não esconde, ao revelar que onde os ganhos desta tecnologia são verdadeiramente sentidos é nos videojogos.

Ainda assim, os resultados registados são muito bons, mas inferiores aos obtidos por um processador de valor idêntico, o AMD Ryzen 9 5900X de 12 núcleos, e que se encontra actualmente a um preço inferior ao de este Ryzen 7 5800X3D. Nos testes que tiram partido dos múltiplos núcleos, bem como da elevada largura de banda de memória foi onde este 5800X3D demonstrou maior dificuldades, como foi o caso do Blender, Corona e nos testes de multi-core do Cinebench R23 e Geekbench 5:

Já nos testes sintéticos, o novo Ryzen 7 5800X3D demonstrou o seu potencial com maior vontade, mas ainda assim incapaz de fazer frente, não só ao modelo dominante da Intel, como ao Ryzen 9 5900X, que tem mais núcleos e é mais barato:

Chegou a altura de conhecermos as situações onde este Ryzen 7 5800X3D, com a sua tecnologia 3D V-Cache consegue brilhar, nos videojogos. Para tal decidimos correr um conjunto de jogos populares, todos eles a 1080p com as definições no máximo, permitindo assim que o processador conseguisse brilhar, numa situação em que muitas vezes se atribuiu à placa gráfica como sendo o elemento com o factor limitador do desempenho do sistema. Através destes testes, foi possível verificar como o processador ainda pode fazer a diferença, tal como este Ryzen 7 5800X3D conseguiu:

Após estes resultados, podemos realmente comprovar que a cache L3 adicional consegue realizar autênticos milagres, ao conseguir equiparar um processador anteriormente “banal” numa verdadeira ameaça ao gigante Core i9-12900K da Intel, que do seu lado tem a desvantagem significativa do preço, não só do próprio processador (€699,90), como da própria plataforma (motherboard e memórias DDR5), que poderão duplicar o preço total do sistema. E isto sem esquecermos os requisitos térmicos e energéticos, já que o Core i9-12900K exige um bom sistema de arrefecimento líquido, e uma fonte de alimentação mais poderosa, já que este tem um TDP que pode chegar aos 241W (modo Turbo).

Distribuidor: AMD

Preço: €489,90

Ficha Técnica

Arquitectura: Zen3
Núcleos / Threads: 8 / 16
Frequência (base/boost): 3,4 a 4,5 GHz
Cache (L2 / L3): 4 MB; 96 MB
Gráfica integrada: n/d
Controlador de memória: Dual Channel DDR4 (3200 MHz)
TDP / Max Turbo Power: 105 W