Novo Apple Studio Display é o melhor monitor 5K do mercado, mas está longe de ser uma boa escolha…

Por: Gustavo Dias
Tempo de leitura: 9 min

Recentemente a Apple revelou os novos computadores Mac Studio, equipados com os novos processadores M1 Ultra e M1 Max, as variantes mais poderosas dos processadores que têm vindo a equipar as últimas gerações de computadores portáteis MacBook Air, MacBook Pro e iMac.

Juntamente com este mini supercomputador, a Apple revelou o seu novo monitor, um regresso há muito aguardado, desde que em 2016 a Apple tinha anunciado o fim da produção dos seus monitores, na altura o Thunderbolt Display de 27 polegadas. Com a chegada do novo Apple Studio Display, os utilizadores de equipamentos Apple podiam, novamente, voltar a usar um monitor com a qualidade e as funcionalidades que sempre fizeram a diferença, face a soluções de outros fabricantes.

O problema é que, numa primeira fase, os utilizadores que já tiveram a possibilidade de testar o novo monitor estão a identificar demasiados pontos negativos, que consigam justificar a aquisição deste monitor, especialmente tendo em conta o preço pedido pela Apple, de 1799 euros.

Pontos positivos e menos positivos

Como seria de prever num equipamento Apple, o ponto mais positivo deste novo monitor é o design do equipamento, com a sua construção totalmente metálica, com saídas de ar no topo para o sistema de arrefecimento passivo, visto este monitor incluir um processador Apple A13 Bionic, para gestão da câmara frontal e do sistema de som. Este último ponto é algo em que praticamente todos os analistas estão em acordo, a qualidade de som, composta pelo sistema de seis altifalantes e três microfones.

Já a webcam integrada, composta por um sensor de 12 MP ultra grande angular, esta tira partido da tecnologia Center Stage, que consegue, por software, manter o utilizador sempre centrado na imagem, mas tem-se revelado bastante aquém do esperado. Joanna Stern, do The Wall Street Journal, chegou a afirmar que a qualidade da nova câmara do Apple Studio Display lhe trás à memória a câmara do seu velho Blackberry.

Nem mesmo utilizadores mais habituados a lidar com equipamentos Apple, como John Gruber da MacRumours, conseguiu ficar convencido com a solução criada pela Apple, mas acredita que estes possam ser melhorados, significativamente, através de actualizações de software, uma vez que o sensor de imagem utilizado é o mesmo de alguns modelos iPad, que têm uma qualidade de imagem significativamente superior.

Ecrã Retina 5K

Relativamente ao elemento chave deste monitor, o painel de 27 polegadas que a Apple optou por usar é do tipo IPS, que embora seja capaz de garantir uma imagem de elevadíssima qualidade, tem como principal vantagem a capacidade de garantir uma resolução 5K (5120 x 2880 pixéis), o que corresponde a uma densidade de 218 ppi (pixéis por polegada), 10-bit de cores (mais de mil milhões de cores) e reprodução de todo o espectro de cores DCI-P3.

Se até aqui tudo bem, o pior é que em termos de utilização, analistas como Nilay Patel do The Verge refere que a inexistência de capacidades de elevado alcance dinâmico (HDR) e da tecnologia ProMotion (o ecrã está limitado a 60 Hz) tornam este monitor num equipamento antiquado e obsoleto, comparativamente a inúmeras alternativas já existentes no mercado. A justificação da Apple é a de que, simplesmente, a interface Thunderbolt 3 só permite 120 Hz usando resolução 4K, ou 60 Hz a 5K.

Como se não bastasse, a solução de retroiluminação do painel encontrada está aquém dos mais recentes sistemas de retroiluminação directa com controlo por zonas, ou até mesmo Mini-LED, o que torna o contraste do novo Studio Display inaceitável, especialmente comparativamente à excelência dos ecrãs de outros dispositivos Apple que podem ser ligados directamente ao monitor, ou face aos mais recentes ecrãs OLED.

“Coisas” à Apple…

Não poderíamos terminar este texto sem referir a existência das tradicionais “coisas” à Apple, que a tornam única, para o bem, como para o mal. Começando pelo óbvio, o preço, o novo Studio Display custa, em Portugal, 1799 euros, um valor que, só por si, já pode ser considerado um exagero, mas que pode ser facilmente ampliado para outros valores ainda mais absurdos.

O primeiro opcional é o tipo de acabamento do vidro antirreflexo, que pode ser do tipo tradicional, ou com um acabamento de nanotextura (custa 250 euros), ideal para locais com uma luz ambiente muito forte, como espaços com muita exposição solar. Este tipo de acabamento é bastante propício a sujar-se com alguma facilidade, e exige a utilização de um pano de limpeza específico, sendo a sua limpeza um processo complicado.

E, como não poderia deixar de ser, temos a questão do suporte. Ao contrário do que acontece com o monitor topo de gama, o Pro Display XDR de 32 polegadas, que custa 5599 euros e exige um suporte adquirido separadamente (custa 1099 euros), o Studio Monitor já incluí suporte, mas este apenas permite o ajuste de inclinação. Se precisar de um suporte com ajuste de inclinação e de altura, terá que optar pelo suporte mais avançado, que custa 460 euros. Se optar pelo adaptador VESA, irá pagar exactamente o mesmo pelo monitor, que pagaria pelo suporte original.

Ou seja, com um PVP de 1799 euros, o novo Apple Studio Monitor poderá ficar num total de 2509 euros se optar pelos opcionais vidro nanotextura e suporte de ajuste de inclinação e altura. E, a cereja no topo do bolo, este novo monitor da Apple utiliza um cabo de alimentação que não pode ser removido, ou melhor, pode, se utilizar um equipamento próprio, e o processo for realizado por um técnico certificado pela Apple.

Qual a necessidade da utilização deste tipo de cabo proprietário que, suportamente, não pode ser removido, se a solução utilizada durante anos, em todos os monitores e computadores iMac sempre funcionaram de forma exemplar? Não há explicação… Claro que isso não impediu alguns utilizadores de tentarem remover o cabo, como Linus Sebastian, do popular Linus Tech Tips, demonstrou recentemente num vídeo que poderá ver a seguir:

Moral da história, será o Apple Studio Monitor o monitor que todos os utilizadores de computadores Apple estavam à espera? Sim e não. Sim, no sentido em que aparenta ter a excepcional qualidade de construção e design típica da Apple, e não no sentido em que existem monitores como o LG UltraFine Display 5K, que apresenta as mesmas características, um suporte completamente ajustável, a um preço inferior, e por existirem outras soluções, com ecrãs maiores, mais rápidos e de qualidade superior a preços mais baixos.

Infelizmente não temos forma de comprovar todas estas opiniões, uma vez que a Apple não tem representação directa em Portugal, nem disponibiliza (directamente) equipamentos para análise.

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Editor da revista PCGuia, com mais de 10 anos no mercado de publicações tecnológicas. Grande adepto de tudo o que seja tecnológico, ficção científica e quatro rodas.
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