Tire mais partido da sua rede Wi-Fi

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 29 min

Para a esmagadora maioria das pessoas o ano de 2020 foi, em grande parte, passado em casa. Por isso, as redes Wi-Fi domésticas têm estado a funcionar mais agora, que antes da pandemia. Quem trabalha em casa tem de descarregar regularmente ficheiros pesados, que de outra forma seriam transferidos através das redes empresariais, muito mais bem preparadas para esse efeito.

Por outro lado, como as famílias passam mais tempo em casa, há mais streaming de vídeo e de áudio e também as aulas em telescola, que usam a largura de banda disponível na rede doméstica.

Investimentos cirúrgicos

Apesar de o hardware de rede sem fios disponibilizado pelas operadoras ter bastante mais qualidade que noutros tempos e, por isso, funcionar melhor, a falta de alcance do sinal em casas com muitos recantos, ou com dois andares, faz com que as ligações sejam algo instáveis em muitos sítios, o que faz com que a resposta dos serviços de streaming (e os downloads) seja lenta.

Neste artigo vamos dar-lhe dicas para melhorar a configuração da rede sem fios e fazer com que funcione melhor em todas as divisões da sua casa. Queremos dizer com isto que vai ter de gastar mais dinheiro em hardware? Talvez. Mas, como vai poder ver nas próximas páginas, há fortes hipóteses de não ser necessário gastar nem mais um cêntimo. De facto, em muitos casos, é possível melhorar muito a rede sem fios sem necessidade de gastar mais.

Antes de fazer seja o que for, tem de testar a rede actual e descobrir onde é que não funciona como deve ser – isto ajuda a medir o impacto que os melhoramentos vão ter no desempenho geral. Para isso, vamos mostrar-lhe uma ferramenta gratuita, que também é muito fácil de usar. Isto é, se não se importar de usar a linha de comandos do Windows.

Descubra a verdadeira velocidade da sua rede Wi-Fi

Se alguém lhe perguntar qual a velocidade da sua rede sem fios, como é que pode ficar a saber? Se começar por usar muitos dos testes de velocidade disponíveis online (basta ir ao Google e procurar ‘teste de velocidade’), vai receber um resultado que não é real. Apesar de serem úteis, estes testes apenas medem a velocidade da sua ligação de banda larga e não as ligações dentro da rede Wi-Fi.

Por isso, se tiver uma ligação à Internet de 200 Mbps, e no teste obtiver um resultado de 100, não tem forma de saber se este é o limite de velocidade da rede sem fios ou se é a rede sem fios que está a limitar a velocidade devido a um qualquer problema de configuração ou de hardware. A única forma de saber com certeza é através da medição da velocidade real dentro da rede Wi-Fi. Por outras palavras, a velocidade a que os seus dispositivos conseguem comunicar com o router.

Como testar a velocidade de uma rede sem fios

Existem várias ferramentas para testar a velocidade de comunicação dentro de uma rede sem fios: algumas até conseguem criar gráficos elaborados que ilustram a potência do sinal da rede em sua casa, como é o caso da Wi-Fi Heatmap.

Estas ferramentas podem ser algo complicadas de usar e nem sempre conseguem responder a todas as questões dos utilizadores, porque a falta de um sinal forte nem sempre é sinónimo de uma ligação lenta.

Em vez disso, é preferível usar a iPerf, uma ferramenta gratuita de linha de comandos. Este programa é muito eficaz, mas pode ser algo complicado de compreender porque está cheio de termos técnicos, fora da compreensão dos utilizadores médios; por outro lado, a configuração inicial demora algum tempo. Contudo, esta é uma das ferramentas mais eficazes para determinar a velocidade da rede sem fios.

Do que precisa

Para determinar a velocidade da sua rede sem fios com a iPerf, precisa de um computador que possa ser ligado ao router através de um cabo de rede Ethernet. A iPerf irá usar este computador como um servidor (por outras palavras, o PC recebe pedidos de outros dispositivos para ajudar a determinar a velocidade da comunicação na rede). A ligação com fios ao router é importante, pois fornece uma conexão estável que tem, pelo menos, uma velocidade equivalente à da sua rede Wi-Fi.

É bom saber se a ligação com fios do computador que vai ligar directamente ao router é gigabit (compatível com velocidades até 1000 Mbps). Os computadores com mais de dez anos podem apenas ter ligações com fios capazes de velocidades de 10/100 Mbps. Isto pode causar limitações de velocidade para a rede sem fios e, assim, dar resultados de velocidade errados.

Para verificar isto, clique no botão ‘Iniciar’ do Windows, escreva ver ligações de rede e carregue em ‘Enter’. Clique com o botão direito do rato em cima da ligação Ethernet, escolha a opção ‘Estado’ no menu que aparece e, depois, dê uma vista de olhos à velocidade. No computador que usámos, a ligação de rede com fios tem uma velocidade máxima de 1 Gbps, o que indica que é uma ligação Gigabit; se, no seu caso, aparecer 100 Mbps, a ligação será 10/100 Mbps. Caso não tenha um computador com uma ligação com fios Gigabit, desligue o cabo de rede e mantenha-o o mais perto possível do seu router.

Também vai precisar de um computador portátil ou dispositivo móvel para servir de cliente para o iPerf e que vai transportar pela sua casa para testar as velocidades em vários locais. Verifique se o dispositivo que está a usar é compatível (pelo menos) com o protocolo de redes sem fios 802.11ac – a maioria dos dispositivos fabricados nos últimos anos usa este protocolo.

 


Como é que o tipo de construção de um edifício afecta a velocidade das redes sem fios?

Pode usar qualquer uma das técnicas para melhorar a velocidade da rede Wi-Fi, independentemente do router ou do ISP que tenha, mas o tipo de casa e os materiais usados têm sempre impacto no desempenho geral da rede. Por exemplo, numa casa com paredes mais espessas em tijolo (ou pedra) ou com pilares embutidos (que normalmente têm armações de ferro no interior), o sinal Wi-Fi tem mais dificuldade em passar, por muitas técnicas e truques que use. Nas casas de tabique, em que as paredes são normalmente mais finas e com madeira no interior, o sinal passa sempre com mais facilidade.


 

Resultados iniciais dos testes de velocidade

Uma das razões para usarmos o iPerf é que os resultados são sempre mostrados sem grandes floreados. No entanto, não os grava, por isso aconselhamos a usar uma folha de cálculo para inserir os valores que obtém em cada divisão da casa.

Testámos a nossa rede sem fios em quatro divisões: a sala (onde de está instalado o router), em que registámos uma velocidade de cerca de 60 Mbps; um quarto, que está mais longe da sala, onde obtivemos cerca de 45 Mbps; noutro quarto (ainda mais longe da sala) conseguimos cerca de 19 Mbps; noutro quarto, não havia qualquer recepção de sinal. Aqui, notaram-se bastante os efeitos da construção do edifício.

Tal como em muitos routers de operadores, o que usámos funcionava com o protocolo 802.11ac, que, teoricamente, consegue uma velocidade máxima de 1300 Mbps. Claro que há sempre uma diferença grande entre a velocidade teórica e a real que se consegue atingir. No entanto, algo de errado se passa quando se está na mesma sala do router está e só se conseguem 60 Mbps.

Testar a velocidade da rede Wi-Fi com o iPerf

  1. Descarregue o iPerf (clique no link ‘iPerf 3.1.3’ na secção ‘Windows 64 bits’) para o computador que irá ligar directamente ao router através de um cabo. Abra o ficheiro ZIP e descomprima-o para uma pasta.
  2. Abra a pasta, seleccione e copie o caminho que aparece no campo no topo da janela. 

  1. Clique no botão ‘Iniciar’ e escreva cmd, clique com o botão direito do rato em cima do primeiro resultado e escolha a opção ‘Executar como administrador’. Na janela da linha de comando, escreva cd e, à frente, cole o caminho que copiou no passo anterior. Isto mudará o foco e a execução de comandos para a pasta para onde descomprimiu o ficheiro ZIP que descarregou no passo 1. De seguida, escreva ipconfig e prima a tecla ‘Enter’. Tome nota do endereço IPv4 que aparece junto à indicação do adaptador de rede Wi-Fi. Por fim, inicie o servidor do iPerf através do comando iperf3 -s.

    1. Não existe qualquer aplicação oficial do iPerf para dispositivos móveis, mas há várias não oficiais que funcionam bem. Para Android recomendamos a Magic iPerf : clique em ‘iPerf3’ no topo da janela, insira o comando como no passo 4 (menos a parte iperf3) e prima ‘Stopped’ para executar o teste. Para iOS, a app iPerf 3 Wi-Fi Speed Test funciona bem: insira o endereço IP do servidor, escolha a duração do teste e toque em ‘Start’.De seguida, repita os passos de 1 a 3, mas no dispositivo que irá usar para andar pela casa a medir a velocidade da rede Wi-Fi. Salte para o passo 6 se estiver a usar um smartphone ou um tablet. A única diferença para os passos anteriores é que não irá usar o iPerf em modo de servidor. O que queremos fazer é usá-lo em modo de cliente e dizer-lhe para se ligar ao computador que está a configurado como servidor. Para fazer isto, escreva iperf3 -c XXX.XXX.XXX.XXX (substitua os X pelo endereço IP que apontou no passo 3) na janela de linha de comandos do segundo computador. Prima a tecla e ‘Enter’ para iniciar o teste. Se aparecer a janela de aviso da firewall do Windows, permita o acesso.
      1. O iPerf vai começar a transferir dados durante dez segundos e actualiza os resultados a cada segundo. A coluna ‘Bandwidth’ mostra a velocidade de cada transferência de dados. Depois de acabar, é mostrada a velocidade média, no fundo. A janela mostra as velocidades médias para o servidor e para o cliente, estas devem ser muito parecidas ou mesmo iguais. Aponte os resultados e repita o teste em cada uma das divisões onde quiser testar a velocidade.

    Reposicionar o router

    Muitos especialistas aconselham a não instalar o router Wi-Fi junto a outros dispositivos electrónicos, porque podem causar interferências que afectam o sinal de rede. O problema é que, em muitos casos, as tomadas onde os routers têm de ser ligados têm tendência de estarem ao pé das boxes de TV ou de outros dispositivos. No entanto, à medida que a tecnologia de processamento de sinal vai avançando, os problemas de interferências também são minimizados, isto nos routers mais actuais. Por isso, desde que o router que tem em casa seja relativamente recente (dois ou três anos) pode instalá-lo junto a dispositivos como boxes, TV ou dispositivos de reprodução de som, sem grande impacto na velocidade da rede sem fios.

    O que não deve ser feito é instalar o router atrás de outros objectos, principalmente das televisões, porque estes acabam por absorver parte do sinal e reduzir o alcance e qualidade da rede. O local ideal é no centro da casa, no entanto, isso é quase sempre impossível de fazer, por isso é necessário fazer alguns compromissos. A ideia é instalar o router o mais próximo do centro da casa, num local desimpedido (principalmente, se o router tiver antenas internas) para que a propagação do sinal não seja obstruída por outros objectos. Nos testes que fizemos, alterar a posição do router para um local mais central não fez com que a velocidade subisse muito; no entanto, a qualidade de recepção nos outros quartos da casa melhorou substancialmente, passando para 50 Mbps e para 25 Mbps nos quartos onde apenas obtivemos 40 e 19 Mbps, nos testes iniciais. Apesar destas melhorias, a velocidade ainda está longe daquilo que se consegue obter teoricamente.

    Dividir para reinar

    A razão para que as velocidades de acesso à rede sejam tão baixas é porque o portátil que usámos para fazer os testes apenas se ligou à rede na banda dos 2,4 Ghz. Teoricamente, na banda dos 2,4 GHz conseguem-se velocidade de transferência de dados de 300 Mbps, mas, no mundo real, as velocidades ficam bastante abaixo dos 100 Mbps (como se pode ver pelos testes). As redes que funcionam nesta gama de frequências também são muito mais susceptíveis a interferências que as funcionam nos 5 Ghz. Mas antes de falarmos no impacto na velocidade que tem a mudança dos 2,4 para os 5 Ghz, vamos primeiro ver como se consegue separar as duas redes e certificar-se que certos dispositivos se ligam sempre à de 5 GHz.

    A primeira coisa a ver é se o seu router permite a separação das redes de 2,4 e de 5 GHz. A maioria dos routers permite fazer isso, mas alguns modelos não. Os passos necessários para o fazer dependem muito do software do router, mas em regra geral tem sempre de fazer login na sua interface de configuração, com o browser: insira o endereço IP do router no campo onde normalmente escreve os URL dos sites por onde navega. Se não souber o endereço do router, abra uma janela da linha de comandos, escreva ipconfig e prima ‘Enter’. O endereço está na linha ‘Default gateway’. De seguida, aparece um ecrã que pede um login e uma password. Insira os dados de login que lhe foram fornecidos pelo ISP, ou, se estiver a usar um router próprio, escreva os dados que estão no manual.

    Normalmente, as interfaces de configuração estão em inglês, mas já há algumas em português, principalmente as dos routers que vêm dos operadores. Na interface, procure a indicação ‘Rede doméstica’ ou ‘Wi-Fi’. Em alguns, existe uma configuração que permite ligar ou desligar as redes por frequências. Se desligar a rede de 2,4 GHz, todos os dispositivos ligar-se-ão através da rede

    5 Ghz. No entanto, alguns dispositivos mais básicos, ou antigos, podem deixar de funcionar, porque apenas se conseguem ligar através dos 2,4 GHz. Por exemplo, temos um sistema de iluminação LED da Elgato que pode ser controlado através de Wi-Fi, mas que apenas se consegue ligar através de 2,4 Ghz.

    A alternativa a desligar a rede de 2,4 GHz, e manter apenas de 5 GHz, é separá-las. Ao fazê-lo pode dividir o tráfego entre dispositivos mais lentos e mais rápidos e forçar os mais rápidos a usar os 5 GHz. A única desvantagem é ficar com dois identificadores de rede (SSID) diferentes para cada uma das redes – isto vai fazer com que tenha de configurar o acesso Wi-Fi de cada dispositivo que quiser ligar à rede de 5 GHz.

    Muitas vezes o próprio router atribui um SSID igual ao que já existia, mas com mais um “5” de forma que consiga saber de quer rede se trata. Outros routers precisam que isso se faça manualmente. A chave de acesso à rede pode ser a mesma.

    Voltámos a testar a velocidade da rede com uma ligação exclusiva a 5 GHz e desta vez os resultados foram muito mais simpáticos. Conseguimos obter valores entre os 115 e os 295 Mbps em todos os quartos, menos no mais afastado, que se manteve sempre zero (ou muito perto disso). Como se pode ver, sempre que possível é preferível usar redes Wi-Fi exclusivamente em 5 Ghz, isto se quiser mesmo tirar partido da velocidade que oferecem.

    Use o canal mais rápido

    Os routers emitem as redes de 2,4 e de 5 GHz em canais específicos dentro desse espectro. Se a rede Wi-Fi de um vizinho estiver a usar o mesmo canal que a sua, a velocidade vai ressentir-se. Pode usar uma ferramenta como a Wi-Fi Analyzer para procurar o melhor canal para o seu caso, depois é só configurar o router. No entanto, se o seu vizinho também mudar para esse canal, terá de repetir o processo. Os routers mais recentes têm software que está sempre a procurar interferências – se detectam uma rede no mesmo canal, mudam automaticamente o que está a ser usado. Por esta razão é preferível deixar o router fazer essa gestão automaticamente.

    O powerline é o melhor para dispositivos que não tenham Wi-Fi

    Se tiver dispositivos sem capacidades de ligação a redes sem fios terá mesmo de usar um cabo de rede. Se esse dispositivo estiver instalado perto do router é uma operação simples. Mas se estiver instalado numa outra divisão da sua casa, tem de usar outra solução.

    Nestes casos, o melhor é utilizar um kit powerline. Estes kits usam a instalação eléctrica da sua casa para transportar o sinal de rede para qualquer divisão, desde que tenham uma tomada. Para usar uma destas soluções, ligue um dos adaptadores directamente ao router com um cabo ethernet, depois instale o outro adaptador na divisão onde quiser que o sinal de rede chegue e ligue o dispositivo em questão a esse adaptador através de um cabo. Normalmente não necessita de configurar mais nada para que tudo funcione, visto que quando compra um kit deste tipo, os dispositivos powerline já vêm emparelhados de fábrica. Se quiser acrescentar mais um adaptador, existe um pequeno botão que tem de ser premido no adaptador que está ligado ao router e no adaptador que está a instalar, para dar início ao processo de emparelhamento.

    Limitações da tecnologia powerline

    Como acontece com todas as tecnologias, também a powerline tem limitações. Uma delas é não dever ser utilizada em extensões com triplas, porque isso pode fazer com que as velocidades desçam significativamente. Por isso não se deve instalar os adaptadores numa tripla. Em vez disso, como os adaptadores têm, na sua grande maioria, uma tomada que faz passagem de corrente. Por isso, se necessita de ter uma tripla, instale o adaptador directamente na tomada na parede e depois ligue a tripla ao adaptador.

    Outra coisa que tem de ter em atenção ao utilizar um kit powerline é que as tomadas devem ter ligações de terra para que o adaptador consiga tirar o máximo de velocidade possível. Estes funcionam na mesma em instalações sem ligação de terra, mas as velocidades serão sempre mais baixas.

    Existem ainda kits powerline que incluem ligações Wi-Fi, além de RJ-45. Nestes casos, é criada uma rede sem fios à parte e os dispositivos Wi-Fi têm de ser configurados para conseguirem aceder a esta nova rede – alguns kits podem ser definidos para servirem de extensores de rede.

    Extensores de rede

    Francamente, não recomendamos a utilização de extensores de rede Wi-Fi, apesar de serem uma solução relativamente simples para levar rede sem fios a sítios onde há pouco ou nenhum sinal. Os kits powerline conseguem fornecerem um acesso muito mais estável e rápido do que se consegue com extensores Wi-Fi. Os extensores têm de ser instalados numa zona em que o sinal começa a decair, mas que ainda tem vigor suficiente para se conseguir captar.

    TP-Link

    O problema é que, muitas vezes, estas zonas não têm tomadas eléctricas, o que faz com que os utilizadores acabem por instalá-los em zonas em que o sinal ainda é forte. Resultado: não chega com qualidade ao sítio para onde se quer levar o sinal de Wi-Fi ou fica em zonas que o sinal já não tem a qualidade suficiente para ser amplificado numa outra divisão.

    Outro problema que os extensores Wi-Fi têm é que, normalmente, em termos de velocidade de transferência de dados, não se dão bem com muitos dispositivos a tentarem aceder ao mesmo tempo. Por isso, se tiver mais que um ou dois dispositivos ligados ao mesmo tempo, verá que as velocidades de transferência nunca são muito famosas.

    Ainda assim, este hardware é mais acessível que uma solução powerline e, se as condições estiverem reunidas (existência de uma tomada eléctrica no sítio certo da casa e se não for para usar com muitos dispositivos), um repetidor Wi-Fi pode ser uma solução para levar rede a uma divisão da casa em que não tenha acesso.

    Tal como acontece com os dispositivos powerline com Wi-Fi, também os repetidores criam uma rede Wi-Fi à parte quando são ligados, mas pode sempre alterar o SSID para o nome da rede que já tem no resto da casa. Isto faz com que os dispositivos se liguem automaticamente quando entram no raio de acção do repetidor.

    E o mesh?

    Pegando na lógica dos repetidores, vários fabricantes de material de rede disponibilizam kits Wi-Fi mesh (mesh quer dizer ‘rede’ em inglês). Estes kits são compostos por dois ou três dispositivos que falam entre si, para criar uma rede sem fios em toda a casa. Os kits mesh oferecem vantagens em relação aos repetidores tradicionais, porque empregam um conjunto de tecnologias que modelam e dirigem o sinal de rede para o dispositivo onde a carga de acesso é maior. As redes são completamente transparentes para o utilizador, que apenas tem de configurar uma única vez os dispositivos com que quiser aceder – depois, tudo é controlado através de uma aplicação que dá indicações onde devem ser instalados e mede as velocidades de comunicação dentro da rede para que o utilizador consiga obter a melhor velocidade possível.

    Um kit Google Wi-fi com três pontos de acesso.

    Outras funcionalidades incluem a possibilidade de se criarem redes para convidados, firewall, controlos parentais e o controlo de horas de utilização de cada dispositivo ligado na rede. Como já foi mencionado, tudo é controlado a partir de uma aplicação móvel. Existem mesmo alguns kits mesh que podem ser integrados com os routers já existentes na rede.

    Apesar de todas estas vantagens, há sempre a necessidade de serem instalados em pontos específicos da casa, em zonas em que o sinal dos outros dispositivos mesh já é fraco. Apesar de a app dar uma ajuda preciosa, há que ter uma tomada eléctrica livre para alimentação no sítio onde vão ser instalados.

     


    Wi-Fi 6

    Já estão disponíveis novos routers que são compatíveis com a nova norma 802.11ax, também conhecida como WiFi 6. Teoricamente, as redes criadas segundo esta norma conseguem atingir os 9,6 Gbps, o que as torna três vezes mais rápidas que as actuais 802.11ax.

    Outra vantagem desta nova norma é permitir muitos mais dispositivos ligados em simultâneo sem grandes perdas de velocidade. Tal como em todas as normas anteriores, também a WiFi 6 é retrocompatível com os dispositivos das normas anteriores, por isso se fizer um upgrade ao seu router, os dispositivos que já tem vão continuar a funcionar – só não tiram partido da velocidade acrescida.


Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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