Kobo Sage

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 8 min

A tecnologia E ink, usada nos ecrãs dos leitores de e-books tem muitas vantagens em relação aos ecrãs OLED e LCD, como apenas consumir energia quando o ecrã é actualizado, possibilitar a utilização em condições forte iluminação e permitir uma experiência de utilização muito semelhante à dos livros em papel.

Mas, como tudo o que é criado pelo homem, esta tecnologia não é perfeita. Um dos principais inconvenientes é a falta de velocidade de actualização do ecrã. Isto impede que, por exemplo, seja possível ver vídeos confortavelmente em dispositivos em ecrãs deste tipo. E, até há algum tempo, também impossibilitava uma experiência de escrita no ecrã semelhante à que se consegue com um papel e caneta ou lápis.

Mas, desde os primeiros leitores lançados nos anos 90 do século passado que a tecnologia E ink progrediu bastante e, finalmente, os ecrãs chegaram ao ponto em que é possível escrever confortavelmente, em vez de fazer um risco e depois ficar à espera que o ecrã actualize para o ver.

Esta é a premissa do Kobo Sage, um leitor de e-books que dá a possibilidade de se tirarem notas e desenhar no ecrã com uma caneta chamada Kobo Stylus.

O que é o Kobo Sage

O Kobo Sage tem um ecrã E ink Carta 1200 com 8 polegadas que oferece uma resolução de 1440 x 1920 e uma densidade de píxeis de 300 PPI. Para além de poder usar a caneta, o ecrã é sensível ao toque, o que permite passar as páginas com os dedos, tal como se faz num livro em papel. É também retroiluminado, com possibilidade de ajustar automaticamente a intensidade (consoante a iluminação ambiente) e a temperatura da luz, o que isto é particularmente simpático para quem lê na cama antes de dormir.

Para comprar livros na loja online da Kobo, o Sage, pode ligar-se a redes sem fios até à norma 802.11n e também permite a ligação de auscultadores sem fios através de Bluetooth para, por exemplo, ouvir audiolivros que também estão disponíveis na loja online da Kobo. A ligação à Internet pode ser usada também para sincronizar ficheiros com serviços de cloud, como o Dropbox e aceder a páginas web tenham sido gravadas para ler mais tarde através do serviço Pocket.

O armazenamento tem 32 GB de capacidade, que não podem ser ampliados, no entanto, quando compra um livro na loja, ele fica na sua biblioteca online, mesmo que o apague do leitor, pode voltar a descarregá-lo sempre que quiser. Em alternativa, pode usar o software gratuito Calibre, que permite criar uma biblioteca no seu computador, converter livros entre formatos e carregá-los para qualquer leitor de e-books através de um cabo USB.

Por falar em formatos, o Kobo Sage é compatível com 15 formatos de ficheiros diferentes, incluindo imagens JPG, PNG, GIF (mas só as mostra a preto e branco), ficheiros de texto, incluindo EPUB, PDF e MOBI (tipos de ficheiros específicos para e-books), ficheiros CBZ e CBR (ficheiros para livros de banda desenhada) e PDF.

Uma das coisas que a loja Kobo tem (ao contrário da loja dos leitores de e-books da Amazon), é livros em português, muitos livros em português. E o melhor é que são vendidos a preços interessantes. Está disponível também o plano Kobo Plus que, mediante um pagamento de uma mensalidade, permite ler o que quiser, sem ter de comprar livros individuais.

Para além da caneta, há um outro acessório que pode comprar, a Power Cover. Como o nome indica, trata-se de uma capa que serve para aumentar o tempo de vida da bateria entre carregamentos. Com esta capa, assim que a bateria do Sage começar a ficar fraca, a bateria que está na capa carrega-a automaticamente. O carregamento da bateria da capa é feito através do leitor quando este estiver ligado à corrente.

Usar Kobo Sage

O Kobo Sage é todo em plástico, o botão para ligar e desligar fica na parte de trás e tem mais dois botões à frente, junto ao ecrã, para que possa ser usado apenas com uma mão.

Quando está na Power Cover, o Sage fica mais espesso (como é natural) e francamente, bastante menos confortável de usar. Perde-se também o acesso ao botão de energia, as funções de ligar e desligar o dispositivo passam a ser controladas através de um íman que está na capa. Quando se abre a capa, o leitor liga-se sozinho e quando se fecha, desliga-se.

A textura é agradável. Foi usado um acabamento com aquela tinta que confere uma textura semelhante à da borracha que lhe dá um toque muito suave.

A experiência de utilização é muito semelhante à que se tem num Kindle. Para se começar a ler, basta tocar na capa do livro e para passar para a página seguinte pode passar-se um dedo no ecrã da direita para a esquerda, ou carregar num botão à esquerda do ecrã.

Se tocar junto à parte superior do ecrã, tem acesso ao menu de ajustes da experiência de leitura, onde pode mudar o tipo e tamanho da letra, rodar a orientação do ecrã, ajustar a retroiluminação, ver estatísticas acerca da sua leitura e aceder às definições gerais do dispositivo.

Na parte de baixo do ecrã, tem o número da página em que está, se tocar em cima dele, pode aceder ao índice.

A bateria do Kobo Sage durou bastante, cerca de 15 dias, e não consegui esgotar a bateria da PowerCover no tempo que o tive cá.

Escrever no Sage

Para além dos livros, o Kobo Sage tem uma aplicação de bloco de notas que pode ser usada com a caneta. Esta aplicação oferece um conjunto de tipos de pontas para emular vários estilos de escrita e fundos de página (quadriculados, pautados, etc).

As respostas do ecrã aos inputs da caneta são bastante rápidas, o que torna a experiência de utilização semelhante à da escrita em papel. As reacções à inclinação e à pressão da caneta em relação ao ecrã já são mais complicadas de dominar, principalmente se estiver a usar em modo pincel. Neste último modo, o Sage ficar “preso” e se continuar a desenhar no ecrã os riscos aparecem alguns segundos depois.


Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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