IBM apresenta o novo chip Eagle para computadores quânticos

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 4 min
Imagem - IBM

A IBM anunciou que deu um grande passo em direcção à computação quântica prática. A empresa anunciou hoje o novo processador para computadores quânticos Eagle com 127 bits quânticos, ou qubits. A IBM diz que é o primeiro processador deste tipo que não pode ser simulado através de supercomputadores clássicos. Para tentar explicar esta afirmação, a empresa diz que, para simular o funcionamento do Eagle, seriam necessários mais bits do que os átomos de todos os seres humanos no planeta.

A IBM atribui este avanço a um novo design que coloca os componentes de controlo do processador em vários níveis, enquanto os qubits estão localizados num único nível. Segundo a empresa, este design permite aumentar significativamente o poder de processamento.

Um aspecto deste chip que a IBM não está a divulgar é o volume quântico. Este termo, inventado pela IBM, serve para descrever a métrica que tenta medir o desempenho de um computador quântico através de uma visão holística dos seus vários componentes. Esta visão leve em conta, não apenas os qubits, mas também a forma como interagem entre si. Quanto mais alto for o volume quântico, mais facilidade terá um computador quântico a resolver problemas complexos.

“O nosso primeiro processador Eagle com 127 qubits está disponível num “sistema exploratório”, na IBM Cloud para membros seleccionados da IBM Quantum Network. Os sistemas exploratórios permitem um acesso antecipado às nossas mais recentes tecnologias, por isso não garantimos disponibilidade permanente, ou um determinado nível de desempenho que se consiga repetir, medido pelo volume quântico.” Disse ao Engadget, Jerry Chow, o director da unidade Quantum Hardware System Development da IBM.

Sem uma ideia concreta do volume quântico do novo processador Eagle, não se consegue compará-lo com outro hardware do mesmo género que já tenha chegado ao mercado. No passado mês de Outubro, a Honeywell disse que o seu System Model H1 tinha atingido um volume quântico de 128, com apenas 10 qubits ligados. Em termos de comparação, no início deste ano, a IBM anunciou um sistema com 27 qubits com um volume quântico de 64, o mais elevado naquela altura. É claro que o novo processador é bastante poderoso, mas os qubits não são tudo neste caso.

Um aspecto notável neste anúncio, é que a IBM não reivindicou “supremacia quântica”. De acordo com a empresa, este é apenas um passo nessa direcção, mas o processador ainda não chegou ao ponto em que consegue resolver problemas que não são possíveis de resolver através de computadores clássicos.

Em 2019, a Google criou uma polémica no universo da computação quântica, quando declarou que tinha conseguido atingir a “supremacia quântica” com o sistema Sycamore. Nessa altura, a IBM disse que essa declaração era “indefensável”, porque a Google tinha construir o computador para resolver um único problema muito específico.

O Eagle da IBM vai estar disponível a membros seleccionados da Quantum Network a partir do mês que vem.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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