Sound Particles: «Ganhar o Óscar Melhor Som? Claro que ficaríamos muito orgulhosos se isso acontecesse e estamos a trabalhar para isso»

Por: Ricardo Durand
Tempo de leitura: 5 min
©Sound Particles | A equipa da startup de Leiria que criou o software com o mesmo nome.

Todos os anos, não há um filme de Hollywood que não tenha o dedinho (ou, neste caso, o ouvido) da startup nacional Sound Particles. A empresa, fundada por Nuno Fonseca em 2017, em Leiria, tem dezenas de produções de Hollywood no currículo – e a lista tem ainda vários jogos.

Mais recentemente, foi Dune a usar a “magia sonora” saída directamente da cidade do Lis para os desertos de Arrakis, mas foi com Superman vs. Batman que a Sound Particles percebeu que estava na «primeira liga» do cinema. E o Óscar? Estamos a trabalhar para isso, garante Nuno Fonseca – pode ser que não seja mesmo areia a mais para a camioneta desta startup.

Além de ser a responsável pelo software, a Sound Particles participa de outra qualquer forma na produção de filmes, por exemplo, com algum dos vossos programadores a dar assistência no local ou a participar mesmo na criação dos ambientes sonoros?
Habitualmente não. Apenas fornecemos o software que depois é usado pelos profissionais de som. Mas o nosso sucesso vem também da relação próxima que cultivamos com os profissionais de som que trabalham na produção destes filmes. Neste momento ainda não fazemos qualquer tipo de assistência in loco, mas é uma possibilidade que envisionamos para o futuro da Sound Particles.

©Sound Particles | Nuno Fonseca criou a startup em 2017 no Politécnico de Leiria.

Photoshop do som: é uma designação redutora ou elogiosa do vosso software?
Redutora… eu diria que os programas de edição de áudio profissional funcionam como o Photoshop, editando e misturando sons em vez de imagens. O nosso software é mais como o Maya ou o Autocad, em que as coisas são totalmente criadas num espaço 3D, recriando um ambiente que não existe (existe apenas dentro do computador). Da mesma forma que os filmes usam programas 3D para fazer animações e os efeitos especiais, o nosso programa faz o equivalente, mas para o som.

Para um estúdio usar o vosso programa, basta comprá-lo no site ou têm acesso a outro tipo de acompanhamento?
Sim, basta comprar no site. Existem vários tipos de licenciamento: a versão Pro é para utilizadores empresariais (uma pessoa), a versão Indie é para utilizadores individuais (freelancers) e a Team permite licenciar o software para uma equipa (mas válido apenas para um projecto: um filme, uma TV season ou um jogo, por exemplo).

Por vezes, damos algum apoio pontual. Um sound designer pode ter uma ideia complexa, mas não ter muita experiência com o software e nós ajudamos. Por exemplo, no Ready Player One estavam com alguma dificuldade com uma cena em que precisavam de duzentos sons de lasers a atravessar o ecrã e nós ajudámos.

©Sound Particles | Comparar o software da Sound Particles com o Photoshop é redutor. «O nosso software é mais como o Maya ou o Autocad», explica Nuno Fonseca.

Ou, há algum tempo, enquanto passava num dos corredores do Skywalker Sound, um sound designer chamou-me e disse-me que estava a trabalhar no filme da Múmia (em que entra o actor Tom Cruise), e perguntou-me se eu tinha alguns minutos para “brincar” com o Sound Particles na cena em que o museu de história natural é totalmente destruído. Ficámos uma hora com o Sound Designer a experimentarmos coisas para o filme.

Quando começaram a perceber que o vosso software se estava a tornar crónico nas produções de filmes?
Embora o Sound Particles possa ser usado em pequenos filmes (por exemplo, para simular o som de um restaurante), é precisamente nas grandes produções em que o nosso software realmente mostra o que é capaz de fazer, e é por essa razão que tende a ser utilizado em grandes filmes épicos. Foi provavelmente com Batman vs. Superman que passámos realmente para a primeira liga das produções de Hollywood.

E se um filme com o Sound Particles ganhasse um Óscar de Melhor Som? É um dos vossos objectivos?
Claro que ficaríamos muito orgulhosos se isso acontecesse e estamos a trabalhar para isso. É, no entanto, uma consequência do nosso trabalho e não o fim por si só. O nosso grande objectivo será sempre proporcionar a criação do melhor som: seja numa sala de cinema, nos videojogos ou numa sala de concertos.

Por: Ricardo Durand Editor
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Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo email rdurand@pcguia.fidemo.pt.
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