Quer ajudar a descobrir exoplanetas?

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 5 min
Observatório ESO - Agência Espacial Europeia

Os planetas fora do nosso sistema solar chamam-se exoplanetas e graças aos avanços nas técnicas de observação astronómica, qualquer pessoa com um computador ligado à Internet pode ajudar a descobri-los. Agora, uma nova iniciativa convida todas as pessoas a identificarem exoplanetas através de simples processo de reconhecimento visual. Não é necessária experiência prévia ou ter telescópio, só um computador com ligação à Internet.

O novo projecto de busca por exoplanetas está a ser realizado em parceria com iniciativa de busca de planetas extra solares, chamado Next-Generation Transit Survey (NGTS), que tem 12 telescópios constantemente a recolher imagens. O que os voluntários têm de fazer é ajudar a identificar uma quebra no brilho de uma estrela, quando um planeta passa à frente dela. Para o fazer, os participantes comparam imagens à procura de uma forma característica na “curva da luz” do brilho de uma estrela, ao longo de um dado tempo. Se esse padrão for reconhecido, é marcado para uma análise posterior mais aprofundada.

As estrelas que estão identificadas como tendo planetas são algo raras. Porque, para poderem ser identificadas como estando na companhia de planetas, as órbitas desses planetas têm de passar mesmo à nossa frente de forma a serem detectados a partir da Terra. À medida que o planeta passa entre a Terra e sua estrela, a velocidade, forma e excentricidade da sua órbita têm impacto na percentagem de ocultação da luz vinda da sua estrela. De certa forma, estes trânsitos dos planetas à frente das suas estrelas são como pequenos eclipses, apenas uma leve queda no brilho, porque os planetas são muito mais pequenos que as estrelas que orbitam.

Até agora, a detecção dos trânsitos dos planetas são a forma mais bem-sucedida de encontrar planetas fora do nosso sistema solar. E, para além deste projecto, também existe o TESS. Em 2018, a NASA desligou o telescópio espacial Kepler, que usava um método semelhante para procurar exoplanetas e os dados recolhidos pelo Kepler ainda estão a ser analisados hoje.

As órbitas dos planetas à volta das suas estrelas devem ser regulares, mas outros factores podem influenciar o brilho das estrelas que chega até nós. Há também o problema das manchas solares. O nosso Sol tem um ciclo de manchas solares, que tem períodos com mais e outros com menos manchas. Devido a oscilar entre estes dois estados, uma observação feita numa fase de manchas solares alta ou baixa, pode não conseguir um valor base representativo da actividade da estrela. Um exemplo disto foi a quebra de brilho assimétrica da estrela Betelgeuse, que ocorreu de Outubro de 2019 a Fevereiro de 2020. As alterações visuais observadas na estrela foram atribuídas à expulsão de gás, que causou uma diminuição de brilho numa grande área da estrela.

O conjunto de telescópios NGTS instalado no observatório ESO.

Os doze telescópios que compõem o conjunto NGTS estão instalados no observatório europeu ESO em Cerro Paranal no deserto de Atacama do Chile, de forma a limitar a distorção da imagem que pode ser induzida pela atmosfera terrestre.

Aos participantes neste projecto é pedido que identifiquem duas coisas: se o gráfico da quebra da luminosidade da estrela tem a forma de um U, um V ou se o fundo é plano e se o padrão de quebras de luminosidade é suficientemente regular para ser devido ao trânsito de uma planeta. O menor volume de dados faz com que a descoberta de um padrão seja mais difícil.

Se quiser participar, pode aceder a este site e inscrever-se. O site tem também um tutorial para ajudar a identificar correctamente os trânsitos dos planetas. Boa sorte!

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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