E Ink

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 4 min
César Abner Martínez Aguilar/Unsplash

Quem viu ou usou um leitor de ebooks, já experimentou a tecnologia de ecrãs E Ink, mesmo sem saber do que se trata. Este tipo de ecrãs oferece muitas vantagens em relação aos LCD ou OLED em vários tipos de utilização diferentes. A primeira é que estes ecrãs emulam o papel quase na perfeição, por isso podem ser utilizados confortavelmente ao ar livre, sob a luz directa do sol. Exactamente como as páginas de um livro. Outra vantagem é o consumo de energia: ao contrário dos LCD ou OLED, estes ecrãs apenas gastam energia quando são actualizados com novo conteúdo, porque, ao contrário dos tradicionais, quando se reproduz texto ou uma imagem (mesmo estática), o ecrã não está sempre a ser redesenhado várias vezes por segundo. Isto faz com que a bateria de um leitor de ebooks apenas tenha de ser carregada duas ou três vezes por mês.

Bom para os olhos
O facto de o ecrã não estar constantemente a ser actualizado faz com que a leitura em dispositivos com ecrãs E Ink seja muito mais confortável durante períodos longos.

A principal desvantagem é o facto de, por não terem actualização contínua, não serem indicados para a reprodução de conteúdos com imagens em movimento, como vídeo ou jogos. A ideia para a construção de ecrãs de tecnologia E Ink com baixo consumo energético começou nos anos setenta do século passado nos laboratórios Xerox PARC, os mesmos onde foi inventado o rato para computadores e a primeira interface gráfica para um sistema operativo.

Já no Media Lab do MIT, nos anos noventa, o primeiro conceito operacional de um ecrã deste tipo envolvia a utilização de pequenas esferas que eram metade brancas, metade pretas, que rodariam quando lhes era aplicada uma corrente eléctrica para mostrar a superfície preta ou branca, dependo da polaridade da corrente. Este conceito foi abandonado devido à grande dificuldade de construir esferas perfeitas com as duas cores. Numa das experiências foram criadas esferas completamente brancas.

Na experiência seguinte, as esferas completamente brancas foram utilizadas num sistema diferente onde eram fechadas em microcápsulas misturadas com um corante preto. O resultado foi um sistema que, através da aplicação de uma corrente eléctrica, eram criadas imagens a preto e branco num ecrã. A primeira patente para este sistema foi criada pelo MIT em Outubro de 1996. Em 1997 foi pedida uma segunda patente para um ecrã electroforético micreoencapsulado.

Muitas aplicações diferentes
Nesse mesmo ano foi formada a E Ink Corporation pelos cientistas que desenvolveram a tecnologia. Esta empresa fez parcerias com várias empresas para o desenvolvimento e venda de vários produtos, como leitores de livros electrónicos como os pioneiros iLiad da iRex (uma empresa subsidiária da Philips), os vários Sony Reader e os populares Kindle da Amazon. Esta tecnologia também foi utilizada em smartphones da Motorola, Samsung e, mais recentemente, da Hisense. Hoje em dia, esta tecnologia também é utilizada em lojas (por exemplo, na Worten) para mostrar os preços dos produtos nas prateleiras, o que permite actualizações de preços e características muito rápidas, sem ter de se gastar papel.

 

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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