Nova patente da AMD sugere que a empresa pode vir a fabricar processadores híbridos

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 5 min

Foi descoberta uma nova patente, pedida pela AMD, que descreve detalhes acerca de um processo que permite mover tarefas (ou threads) entre os núcleos de um processado heterogéneo. Por outras palavras, esta patente é a base de uma arquitectura de processadores muito semelhante à usada no design big.LITTLE pela Arm, em que conjuntos de núcleos de alto desempenho são acompanhados de núcleos menos poderosos dentro dos processadores muito usados em smartphones e outros dispositivos móveis.

Como se sabe, a AMD pede muitas patentes todos os anos, por isso nada garante que todas se venham a transformar em produtos comerciais. Apesar disto, há muitas razões para acreditar que, num futuro próximo, chegará ao mercado um processador híbrido fabricado pela AMD. A Intel já anunciou que vai adoptar um design híbrido nos processadores de décima segunda geração, os Alder Lake. Por isso, é provável que a AMD adopte um design semelhante a médio prazo.

Apesar de a patente denominada ‘Method of Task Transition Between Heterogeneous Processors’ ter sido publicada há alguns dias, a AMD pediu-a em 2019 e pode estar ligada a outra patente pedida pela AMD nesse ano, que descrevia a implementação de uma arquitectura de instruções (ISA) num processador heterogéneo.

Desde há algum tempo que circula um rumor que os APU Ryzen 8000 da AMD (que supostamente têm o nome de código Strix Point), podem ser híbridos. Alegadamente, estes chips têm núcleos de alto desempenho Zen 5 combinados com núcleos Zen ‘4D’, menos poderosos. A menos que AMD esteja a trabalhar a alta velocidade, é muito pouco provável que os Strix Point estejam prontos a tempo para competir com os chips Alder Lake da Intel, que podem chegar ao mercado no final de 2021 ou em inícios de 2022. É provável que apenas venham a competir com os Raptor Lake, que, alegadamente, vão suceder aos Alder Lake.

A patente descreve que o processo de mudança de uma tarefa do primeiro processador para o segundo usará métricas de desempenho baseadas no atingir de certos limiares ou num qualquer outro evento que cause essa mudança. Na patente, a AMD não diferencia o “primeiro processador” do “segundo processador”, mas pode assumir-se que o “primeiro processador” será o mais poderoso e o “segundo processador” será o menos poderoso.

A ideia por trás dos processadores híbridos é a optimização do desempenho por watt de energia consumida e ao mesmo tempo aumentar o desempenho total. Para se chegar a este objectivo, as várias tarefas que o processador está a executar têm de ser movidas rápida e eficientemente entre os núcleos mais rápidos e os menos rápidos. O método descrito pela AMD consiste em comparar uma ou mais métricas com uma lista de condições para determinar se deve ou não passar uma tarefa de um núcleo de processamento para outro. Assim que a avaliação acaba, o primeiro processador coloca a tarefa em pausa enquanto a informação é passada para o segundo.

A AMD menciona vários exemplos dos tipos de métricas que podem ser usadas para a mudança das tarefas entre processador. Por exemplo, o tempo de execução da tarefa, o nível de utilização do núcleo, a memória ocupada, o tempo de inactividade de um núcleo ou o tempo de execução de uma tarefa num único núcleo. 

Num dos exemplos, é medido o tempo que um dos núcleos menos poderosos passa a funcionar à velocidade máxima de relógio e compara-o com uma condição. Se o tempo passado na velocidade máxima é superior ao definido, a tarefa é passada para os núcleos mais poderosos.

Os processadores híbridos só podem ser bem-sucedidos se o software que está disponível suportar o seu modo de funcionamento. Um dos rumores que têm circulado à volta do suposto novo Windows 11 é que este sistema operativo está optimizado para este tipo de processadores.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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