Returnal

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 9 min

Returnal é um shooter na terceira pessoa que conta a história de Selene Vassos, uma exploradora espacial, cuja nave se despenha num planeta chamado Atropos. Selene tinha tentado aterrar nesse planeta para investigar um sinal misterioso, mas não conseguiu controlar a reentrada. Depois de sair da nave, é atacada pela fauna local quando está a tentar descobrir a fonte do sinal, no meio das ruínas deixadas para trás por uma civilização desaparecida há muito. É aqui que as coisas começam a ficar estranhas. São estranhas porque depois de morrer, Selene é devolvida aos destroços da nave que a trouxe para Atropos e descobre junto a ela o seu próprio cadáver e a sua pistola.

Como não tem forma de voltar para trás, Selene tem mesmo de descobrir a fonte do sinal e assim tentar encontrar uma forma de escapar do planeta. Pelo caminho, terá de explorar vários ambientes, encontrar maneiras de usar a tecnologia deixada para trás pelos anteriores habitantes do planeta, para assim conseguir superar mais facilmente os desafios que vai encontrando. Nas suas explorações, Selene vai encontrando alguns diários gravados por si própria, que servem para dar contexto à história.

Para além das balas que estão constantemente a voar pelo ecrã. Returnal vale pelo mistério e pela exploração de um ambiente realmente alienígena, baseado em referências de vários filmes e livros de ficção científica. Mas a história principal (e a grande dificuldade deste jogo) baseia-se numa mistura de ‘Groundhog Day’ e ‘No Limite do Amanhã’ (aliás os primeiros habitantes de Atropos que encontra, são estranhamente parecidos com as criaturas alienígenas do filme com Tom Cruise). A grande diferença de Returnal para estes dois filmes é que, quando acorda depois de morrer, o cenário muda e a sequência das arenas é diferente e a mistura de inimigos que encontra também. Isto introduz um elemento de imprevisibilidade ao jogo que é muito bem-vinda.

A única certeza que tem, é que não há forma de gravar o jogo entre as zonas do planeta que está a explorar, por isso, se morrer, volta invariavelmente à nave sem nada daquilo que recolheu pelo caminho e vai ter de fazer tudo de novo. Este aspecto do jogo é um desafio, mas também pode ser uma fonte de muita frustração. Aliás, desde os meus tempos do Commodore Amiga, que não tinha vontade de fazer explodir um comando como depois de estar a fazer a mesma zona quatro vezes seguidas…

Mas a a sensação de superação que tem quando passa para um novo ambiente, ou chega a uma zona onde nunca tinha estado, é extraordinária. Ainda assim, não é para todos.

Se estiver com curiosidade em experimentar Returnal, o primeiro conselho que lhe posso dar é saber escolher as lutas (porque nem sempre tem de matar tudo o que mexe), treinar muito os movimentos e sua sincronização com os dos inimigos (principalmente o esquivar, porque durante esses microssegundos Selene é invulnerável) e quando apanhar a espada (um dos poucos objectos que não perde ao voltar ao início), usá-la sempre que possível, porque é muito mais poderosa que as armas de fogo, menos quando está frente a frente com um boss.

Mas o principal, é evitar o mais possível ser atingido pelos tiros dos inimigos, porque a quantidade de objectos que podem ser usados para reparar o fato espacial de Selene e restaurar a sua energia é muito limitada e tem de chegar com o máximo de energia junto do boss no final se quiser ultrapassá-lo.

Quando consegue vencer um inimigo, ele deixa para trás Obolite que pode ser apanhado e depois usado em máquinas espalhadas na zona onde está para fabricar consumíveis, que podem restaurar energia ou amplificar os efeitos das armas.

Mas não é tudo o que encontra durante a exploração. Também há artefactos, como armas, chaves que abrem arcas e portas e objectos que melhoram o desempenho das armas. Também há objectos “malignos”, denotados pela cor roxa, que ao serem apanhados podem causar uma “avaria” no fato de Selene, que reduz um stat (como a blindagem) ou a eficácia das armas. Esses efeitos podem ser anulados manualmente, usando um artefacto, ou cumprindo tarefas específicas. Como os efeitos dos objectos malignos são aleatórios, ao apanhar um deles pode apenas apanhá-lo e nada acontece, noutras vezes pode ficar severamente debilitado até limpar o efeito.

Depois há os parasitas, que ao serem apanhados instalam-se no fato espacial de Selene e podem dar-lhe capacidades extras durante algum tempo. Aqui é tudo aleatório também, por vezes podem ser benéficos, outras estragam o progresso. É tudo uma questão de sorte.

Uma das poucas coisas que são permanentes em Returnal são as capacidades especiais das 10 armas que podem ser usadas no jogo. Por exemplo, quando apanha a metralhadora, ela pode vir com uma capacidade de lançar rockets (alt-fire). Ao matar inimigos com essa arma, pode aumentar o nível na sua capacidade especial, o que pode fazer com que, por exemplo, os rockets fiquem mais fortes, ou com que a arma dispare mais depressa. Se morrer e na vez seguinte voltar a apanhar essa mesma arma, se conseguiu passar para um nível superior, a melhoria continua lá, ou seja fica logo com uma arma mais poderosa. Uma vez mais, as armas (e as combinações arma/capacidade especial), que apanha também dependem da sorte porque são aleatórias.

Tudo isto requer muita repetição e muitos regressos à nave. Está a ver aquilo que dizia acerca de fazer explodir o comando no início do texto?

Um dos problemas oferecidos por este tipo de jogos, que não permitem a gravação, é conseguir encontrar um equilíbrio entre o comprimento dos níveis e o tempo que o utilizador tem para jogar. Os níveis são bastante longos e, tirando pôr o jogo em pausa, não pode fazer nada até concluir o nível. Se desligar totalmente a consola o jogo não grava e se a consola pendurar durante o jogo também tem de fazer tudo de novo.

Graficamente, apesar de ter muitos efeitos de partículas e uns gráficos muito cuidados, mas, Returnal não é um jogo que leve as capacidades da PlayStation 5 ao limite, e consegue-se jogar praticamente sempre a 60 FPS.

No que respeita à técnica, o que mais me impressionou foi a forma como o comando foi programado para aproveitar as novas capacidades do DualSense. Por exemplo, quando se está à chuva parado as gotas “sentem-se” no comando, outra coisa que sente no comando é o feedback quando o alt-fire está em cooldown. Se quiser fazer mira tem de premir o gatilho esquerdo até meio.

Já passei cerca de 40 horas a jogar Returnal, mas consegue-se chegar ao fim em menos de metade do tempo. Claro que, se optar pela rapidez, não vai conseguir apanhar praticamente nenhum dos objectos que explicam a história, nem chegar a todos os pontos dos seis níveis diferentes.


Editora: Housemarque

Distribuidora: Sony

Disponível para: PlayStation 5

Preço: €79,99


Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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