Poços sem fundo

Por: Pedro Aniceto
Tempo de leitura: 3 min

Tim Cook revelou numa assembleia de accionistas que a Apple adquiriu à volta de cem empresas nos últimos seis anos. Uma visão simplista sobre este facto fará porventura pensar em algumas cujo nome foi conhecido e imaginar em que parte dos produtos a sua tecnologia e know-how foram hipoteticamente incorporadas ou de que futuras produções virão a sê-lo.

É um exercício divertido mas difícil porque não detemos parte substancial da informação. Esta é no fundo a visão positiva de eventuais aquisições, aquelas que acrescentam valor. Mas a lógica do mercado capitalista, no sentido estrito em que a Apple está sentadinha sobre uma obscena pilha de dinheiro, faz pensar em outras possíveis motivações menos românticas. A um grande conglomerado industrial pode sair mais barato comprar concorrentes ainda no embrião (ou já nascidos…).

Comprar a empresa proprietária dos direitos de uma patente sairá sempre mais barato a longo prazo que pagar pelo uso de uma tecnologia. Quando tens mesmo muito dinheiro podes até comprar empresas para as liquidar posteriormente. Estou a lembrar-me da fortuna que Cupertino deu pela Beats sem que na linha actual de produtos se vejam grandes sinais da utilização de tecnologias dela advindas. Mas há mais exemplos destas hipotéticas possibilidades. Ainda assim olhando para o passado de outros gigantes, a Apple tem sido deveras selectiva no volume de compras de companhias terceiras. Basta pensar no que o Facebook gastou no WhatsApp, no que a Microsoft pagou pelo Linkedin para chegar à conclusão que quando Cupertino vai às compras, traz muita coisa em promoção.

Elon Musk também revelou faz pouco tempo mais alguns detalhes de uma tentativa de entabular conversações sobre a venda da Tesla quando a mesma se debatia com dificuldades financeiras que foram atenuadas com os números de vendas do Model S entretanto conseguidas. Cook nem terá aceite a reunião. Faz parte do meu exercício de “compras assassinas” pensar nas consequências que este eventual negócio teria tido, numa altura em que a Apple podia perfeitamente ter feito um negócio leonino. E basta ler os tweets de Musk para perceber que as partes ainda não digeriram o episódio…

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