The Internet is for profit

Por: André Gonçalves
Tempo de leitura: 3 min
rupixen.com/ Unsplash

A Internet, como a conhecemos hoje, está longe de ser a rede formada e mantida pelos entusiastas que originalmente a criaram. Hoje, a rede das redes está muito mais próxima do conceito de um centro comercial, que de uma biblioteca de conhecimento tal como foi desenhada para ser. Esta que é hoje, destacadamente, a mais importante plataforma de comunicação do mundo, serviu de base à esmagadora maioria das soluções que encontramos para a necessidade de distanciamento social nos campos do trabalho e da educação remota, mas principalmente no que diz respeito ao comércio. Isto traz ainda mais consumidores para as estruturas de venda online e principalmente consumidores mais inexperientes, que normalmente optavam por compras em lojas físicas.

Estes consumidores que dão hoje os primeiros passos numa Internet altamente optimizada para o consumo, são como crianças encadeadas pelas luzes de um parque de diversões (de facilidades e experiências de utilização), onde grande parte das estratégias de lucro, eximiamente trabalhadas por avançados sistemas de inteligência artificial, lhes passam completamente despercebidas.

Do fornecedor do acesso à Internet ao fornecedor da plataforma de rede social, todos procuram extrair o máximo benefício possível dos seus utilizadores, agregando serviços pagos complementares ou simplesmente vendendo directamente os seus consumidores na forma de informação, tempo e exposição a conteúdos comerciais.

Mas ao contrário do que acontece numa loja tradicional em que a capacidade de influência de consumo de uma determinada empresa se vai esvanecendo quanto mais o seu cliente se afasta do local de compra. O comércio on-line é indiferente à distância e mantém um registo permanente e detalhado de todas as intenções de consumo dos seus visitantes.

Sistemas artificiais de conhecimento profundo permitem modelar compras derivativas, manter uma análise global de comportamentos e, principalmente, dar a cada indivíduo os estímulos subconscientes intercalares necessários ao impulso de compra.

Os grandes vendedores on-line têm, hoje, a capacidade de antecipar/criar o próximo desejo de consumo e automatizar e encadear um plano de comunicação multimeios que introduz na mente do cliente a ideia incisiva e recorrente de uma determinada necessidade.

A falta de regulação ou limites legais a estes planos de vendas on-line cria uma luta verdadeiramente injusta entre alguém que pretende fazer uma boa compra e um vendedor que sabe tudo sobre nós. Isto é ainda mais grave quando se vive a alta velocidade e com uma grande rotatividade de consumo, em que não asseguramos tempo suficiente para pensar, comparar e reflectir sobre porque vamos fazer uma determinada compra e com isto perceber que, por vezes, por vezes, a melhor compra é a que não fazemos.

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Se não pensares nisso, alguém vai fazer-lo por ti.
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