Vamos todos falecer saudáveis

Por: Pedro Aniceto
Tempo de leitura: 3 min

Vamos todos falecer deveras saudáveis. Humor negro à parte, a saúde e o bem-estar parecem ser os grandes argumentos dos grandes vendedores de tecnologia mais “leve”. Tenho a sensação de já me ter pronunciado sobre isto há uns anos, em que a panóplia de sensores e objectos capazes de medir tudo o que pudesse vir a ser possível medir nem era tão extensa.

Sim, eu devia estar maravilhado com as possibilidades de usar um oxímetro (que na verdade eu nem sabia que me faria falta até subir dois lances de escadas para ver uma apresentação Apple…), mas em vez disso opto por fazer algum humor relativamente às tentativas que a Apple faz para me esvaziar a carteira…

Mas eles não estão a brincar, de todo. O mercado da indústria da saúde é extremamente apetecível e junta receios humanos milenares a um grupo etário que tem estatisticamente algum poder de compra. E isto é uma combinação muito interessante para toda a indústria que tem a seu favor o estado anímico a tender para o débil do grosso da população mundial. Não é uma teoria de conspiração, mas o cavalgar de uma oportunidade que alguns trilharam em primeiro lugar e que todos os outros seguirão.

A monitorização de alguns parâmetros de saúde não é uma “chinesice” pessoal ou um capricho, é muito mais que isso, quando escalada para sistemas de saúde inteiros em nações populosas onde operam empresas que olham para o paciente como um custo futuro. Prevenir será sempre melhor do que remediar. Seja na vida como nos aspectos financeiros de um negócio gigantesco. São por isso muito bem recebidas por estas todas as gerações de hardware e software que tendam a controlar parâmetros vitais e não vitais. Não tardarão os tempos em que as seguradoras vão recomendar determinados tipos muito específicos de equipamentos. Podemos sorrir agora, ao ler esta frase, mas o futuro para isso aponta.

Claro que só há meia dúzia de anos começámos este trilho. Sistemas mais ou menos complexos de Inteligência Artificial vão olhar (muitíssimo mais) para os nossos hábitos, para as nossas rotinas e gestos e a agir em conformidade. Não será no nosso tempo em que ao acender de um cigarro um holograma avançará para mim de dedo em riste, mas não duvidem, vai acontecer.

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