Virtuleap cria jogos de realidade virtual para treinar o cérebro

Por: Mafalda Freire
Tempo de leitura: 4 min

Amir Bozorgzadeh e Hossein Jalali, o actual CEO e CTO da Virtuleap, decidiram organizar um hackathon para ajudar ao crescimento da comunidade criativa independente ligada à realidade virtual (VR) no Dubai. Foi na segunda edição do evento que perceberam que «os únicos casos de uso críticos ligados à tecnologia eram nas áreas da saúde e educação», diz Amir Bozorgzadeh. E dentro dessas áreas, as actividades «mais entusiasmantes eram a avaliação cognitiva e o treino», salienta.

Assim, os parceiros de negócio decidiram criar uma startup ligada à VR e ao treino cognitivo já que «as aplicações de treino existentes com base em smartphones e tablets nunca provaram que funcionam no caso das doenças cognitivas» mas ao adicionar RV, «o cérebro acredita que a experiência é real» e com isso há «realmente melhoria das actividades», revela o co-fundador. 

Treinar o cérebro vai ser natural
A startup está numa «intersecção entre a neurociência, a educação, a saúde, a computação espacial e machine learning» e o CEO explica que a visão é «criar um novo marcador de saúde digital para a detecção precoce de doenças cognitivas como a demência e Alzheimer, usando big data proveniente dos padrões de jogo de realidade virtual, dados esses adquiridos ao longo do tempo». Amir Bozorgzadeh esclarece que acredita que «treinar o cérebro com RV vai fazer parte de uma rotina saudável, tal como correr ou ter uma dieta saudável» e refere porquê: «A nossa tecnologia vai ajudar a prolongar a qualidade de vida dos idosos, as crianças com dificuldades de aprendizagem e capacitar a população em geral para conseguirem níveis cognitivos mais elevados».

O empreendedor destaca que cada jogo «é desenhado por um cientista cognitivo/ neurocientista e baseado num exercício já conhecido de modo a criar uma experiência num loop fechado que vai terminar num nível específico de dificuldade que corresponde à carga cognitiva e capacidade do utilizador».

Cada pessoa, inicia sessão na app, a Enhance, e joga três títulos aleatórios numa sessão máxima de dez minutos. Cada um dos jogos «testa e treina um domínio cognitivo específico»; no fim de cada um, «é dada uma pontuação com base no nível de dificuldade que o jogador foi capaz de alcançar». O Enhance Performance Index (EPI) mostra «o desempenho cognitivo e avalia sete domínios: a orientação espacial, a memória, a atenção, a flexibilidade, capacidades motoras, o processamento da informação recebida e a capacidade de resolver problemas». Além disso, o utilizador indica ainda o número de horas que dormiu e a sua disposição, «já que estes parâmetros podem influenciar o desempenho cognitivo», acrescenta.

Versão final em breve
A versão beta da app, disponível em inglês e chinês (mandarim), é usada por milhares de pessoas, mas a Virtuleap está a lançar a versão completa, ainda com mais métricas, jogos e línguas entre as quais o português. Actualmente, a startup trabalha com diversos instituitos de investigação na América do Norte e na Europa para «validar a eficácia dos mini-jogos e testar ainda mais casos de uso ao nível cognitivo e comportamental». 

Amir Bozorgzadeh e Hossein Jalali optaram por Lisboa para criar a sua empresa já que sabiam que, em Portugal, conseguiriam «ter custos baixos» e acesso a «um excelente conjunto de talentos técnicos, de engenharia e científicos, além de uma elevada qualidade de vida», refere o CEO.

Sediada na LxFactory, a empresa conta com dez colaboradores e está-se a preparar para um investimento seed. Esse financiamento será usado para expandir as equipas de desenvolvimento e de ciência, em particular com data scientists e especialistas em machine learning. 

 

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Jornalista da área de tecnologia B2C e B2B. Fã de tudo o que seja tech, especialmente o que está relacionado com automóveis e mobile. Além disso é apaixonada pelo universo do Star Wars.
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