Amanhã voltará

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 3 min

Não são raras, nem infrequentes, as imprecisões que cometo. Tentar decifrar o potencial sucesso de uma app ou do modelo de negócio a ela associado é coisa para um rácio semelhante ao sucesso de uma das 520 vacinas em teste para o COVID-19.

Se há algo que esta pandemia nos veio reafirmar é que precisamos, de facto, uns dos outros. Há uns dois anos escrevi nesta coluna sobre o ridículo que era o modelo da Glovo. Viu-se…vê-se…vou vendo as entradas dos extratos bancários nestes últimos dois meses. E se é verdade que uns serviços, mais que outros, foram necessários durante o confinamento, outros houve que achámos não seriam tão necessários e por tal, hoje temos muitos mais nós, homens, de cabeça rapada e um número significativamente menor de mulheres loiras em Portugal. Glorificaram-se muito justamente os profissionais de saúde, apela-se agora a uma marcação no cabeleireiro.

Não é de agora, nem de há dois meses, a app de que gostava de falar este mês. Terá já alguns anos esta Cortes de Lisboa, mas o modelo de negócio parece ter levantado voo e nesta altura já pode marcar cabelo + barba em Braga, Évora e em mais cinco estabelecimentos na zona de Lisboa. Abra a app, faça o registo e escolha o local que mais lhe agrada. Pode, depois, marcar a hora a que pretende o corte, escolher o cabeleireiro e acompanhar o número da senha a ser atendida no momento. É uma espécie de validador de senhas do SNS… mas para cabelos. Azar dos azares, este modelo de negócio, que há meses atrás florescia nos centros comerciais da grande Lisboa, hoje vê esses espaços ainda fechados e certamente o negócio em perigo.

Nem ideias como esta, bem gizadas, para serviços que vimos serem de maior importância que julgávamos, estão livres de algo que o mundo não via para lá de uma centena de anos. O que é certo é que necessitaremos de continuar a comer (e da Glovo) e que o cabelo te vai novamente nascer Catarina. Mais bonito e tão mais forte que precisaremos de um serviço destes pronto a funcionar.

Talvez tão raro como querermos ajuizar modelos de negócio de áreas em constante mutação é pensarmos saber o que o dia de amanhã nos traz.

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