Last of Us Part II

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 8 min

Last of Us Part II passa-se 5 anos após os acontecimentos do primeiro episódio, em que um fungo transforma os seres humanos em monstros canibais, o que leva à destruição da sociedade tal como a conhecemos. Anos mais tarde, Joel, um contrabandista, recebe a missão de levar a pequena Ellie, que é imune ao fungo, para fora de Boston. Após muitas peripécias, acabam por chegar a Salt Lake City, onde Ellie será usada para encontrar uma cura para a infecção. Mas como seria morta no processo, Joel salva-a à última hora e fogem.

Neste novo jogo, Ellie tem 19 anos e vive em Jackson, uma cidade construída junto a uma barragem (a cidade já tinha aparecido no primeiro episódio, embora muito mais pequena), cercada de muralhas e, ajuda a comunidade fazendo patrulhas nos bosques próximos em busca de infectados que possam pôr em causa a segurança dos habitantes.

Após um encontro fortuito com outros sobreviventes durante uma patrulha, Ellie parte para Seattle em busca de Tommy, o irmão de Joel, e é aqui que a acção começa.

Gráficos

Visualmente, Last of Us Part II é um dos melhores jogos que vi na Playstation, está a par com o último God of War, no que respeita a tirar partido do hardware gráfico da consola. Se tiver a sorte de ter uma Playstation 4 Pro, pode desfrutar destes excelentes gráficos em 4K e HDR. A utilização do CPU e GPU, quase no limite, nota-se no sistema de refrigeração, que passa a vida com a ventoinha no máximo.

[ngg src=”galleries” ids=”14″ display=”basic_imagebrowser” order_by=”filename”]A captura de movimentos está extremamente bem conseguida, a todos os níveis, embora, em certos casos, se note alguma falta de sincronia entre os lábios e a voz, principalmente mais para o final do jogo. Mas, no geral, tanto o voice acting, como a expressões são irrepreensíveis. Talvez as melhores que jamais vi.

Som

A banda sonora, a cargo de Gustavo Santaolalla, o compositor argentino que já tinha trabalhado no primeiro episódio, é simplesmente maravilhosa e completamente adequada ao contexto do jogo. Em certas zonas até podemos tocar viola através da zona táctil do comando Dualshock.

Combate

O sistema de combate merecia um pouco mais de trabalho de aperfeiçoamento. Mas vamos por partes: quando se está a usar uma arma à distância, como uma pistola ou espingarda, o sistema funciona bem, mas, se o inimigo se chegar muito perto, os tiros deixam de o atingir. Cheguei a descarregar uma arma à queima-roupa e nem um dos tiros fez dano ao inimigo.

O caso do arco é ainda mais estranho. Cheguei a eliminar inimigos com uma flechada numa perna. Mas, à medida que fui avançando, só headshots é que eliminavam um inimigo à distância.

O combate corpo a corpo também tem algumas manias, mas é que funciona melhor. A única coisa a apontar é o comando para nos esquivarmos dos golpes dos inimigos. Se nos desviarmos muito cedo, ficamos muito longe do inimigo, o que nos obriga a chegar mais perto e provavelmente a sofrer dano. Se o fizermos tarde demais, o inimigo acerta sempre. Há uma espécie de “sweet spot” em que, se nos desviarmos, o nosso personagem nem fica longe, nem perto e permite um contra-ataque. Mas é complicado de descobrir, porque depende do inimigo concreto que estamos a enfrentar. O jogo até tem uma ajuda opcional, que, quando está ligada, indica o momento certo em que se tem de premir a tecla para nos esquivarmos e ao mesmo tempo conseguir atingir o inimigo em contra-ataque.

Exploração

Em Last of Us Part II há que explorar, embora o jogo não seja em mundo aberto, isto porque é a única fonte de materiais para construir e melhorar armas e a nossa personagem. Por isso, não deixe nenhuma porta por abrir, nem nenhum prédio por explorar. Dê atenção aos cofres. É onde estão os melhores objectos e há sempre pistas por perto para descobrir a combinação.

Uma das coisas de que gostei mais, foi da gestão de recursos que tem de se fazer, que acrescenta um certo grau de verosimilhança à história. Afinal estamos no fim do mundo, tal como o conhecíamos. Por exemplo, o álcool que se apanha durante o jogo serve para fazer várias coisas, como bombas ou ligaduras para recuperar energia. Mas o que se escolhe? Uma ligadura? Ou uma bomba?

Ainda sobre a questão da exploração, há um aspecto que me fez alguma confusão: a certa altura da viagem por Seattle, Ellie encontra um sítio que ela converte numa espécie de base. A partir daí as missões começam todas a partir desse local. No entanto, em certas missões, têm de se sair da base e ir a pé até ao sítio onde a missão inicia, e noutras somos “teletransportados” directamente para o início da zona onde vai decorrer a missão. Não devia ser tudo igual?

Em algumas missões temos companhia sob a forma de um “sidekick”, que é suposto ajudar-nos, mas em alguns casos, principalmente em espaços mais fechados, eles atrapalham mais do que ajudam.

Furtivo, mas não muito

Uma última coisa sobre as missões. Na maioria dos casos pode-se escolher entre atravessar uma área furtivamente, ou logo a disparar.

Como fã incondicional de Assassin’s Creed, tentei usar as mesmas tácticas de eliminar primeiro os que estão no perímetro exterior e ir progredindo para dentro, mas não funcionam. Os NPC em Last of Us Part II são mais imprevisíveis que os de Assassin’s Creed e na grande maioria das vezes, o que começou por ser uma progressão furtiva, acabou aos tiros. Mas acredito que se conseguem atravessar a maioria das zonas sem disparar um único tiro, principalmente se estiver a fazer um segundo playthrough. Só falta mesmo uma forma de arrastar os corpos dos inimigos eliminados, para sítios onde não sejam descobertos pelos companheiros.

De volta à história

De volta à história, Last of Us Part II não é um jogo fácil, não me refiro ao nível de dificuldade, mas sim ao que se passa na acção, principalmente nas cut scenes. É um jogo realmente violento, não apenas na forma como eliminamos os inimigos, mas também psicologicamente.

O retrato da luta interior e da libertação de Ellie é poderoso e doloroso, também para quem o vive deste lado do ecrã.


Editora: Naughty Dog

Distribuidora: Sony

Preço: €69,99


Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
Exit mobile version