Segurança mascarada

Por: André Gonçalves
Tempo de leitura: 3 min

Um dos riscos mais graves dos grandes aglomerados populacionais num mundo globalizado é a forma como uma epidemia se converte numa pandemia. Quando mais de metade da população mundial vive em centros urbanos, concentradas em megacidades, e viajando de umas para as outras com muita frequência, temos a combinação perfeita para a propagação de uma doença à escala mundial.

Uma nova doença contagiosa que consiga infectar um humano pela primeira vez num ambiente como este, tem a sua propagação facilitada devido à proximidade constante de potenciais novos hospedeiros. A forma como muitos destes hospedeiros se deslocam entre vários aglomerados populacionais faz com que o isolamento natural proveniente das grandes distâncias deixe de existir.

Mas, apesar de esta ser uma situação que tende a agravar-se no futuro, as medidas de proteção à propagação de doenças contagiosas em grandes comunidades e o controlo transfronteiriço das mesmas não tem evoluído de forma proporcional ao agravamento do risco.

Para muita gente, a protecção contra contágios passa pelo uso de um simples protector de boca e nariz, uma máscara feita de uma malha de papel bastante fina, amarrada com uma fita elástica na cabeça. Este utensílio foi desenhado para médicos e assistentes usarem em salas de operação, como forma de impedir que os seus pacientes fossem infectados com germes e patógenos provenientes das gotículas da boca e garganta do utilizador da máscara, expelidas com a tosse ou espirro. E, mesmo assim, a sua eficácia só é comprovada se for substituída a cada duas horas de utilização.

Mesmo máscaras de cobertura total do rosto com filtros de alta qualidade que teoricamente poderiam ser capazes de criar uma barreira protetora eficiente, nunca funcionariam num ambiente descontrolado como o de um transporte público. O uso desta máscara teria de ser complementado com luvas e avental de plástico e a sua colocação e remoção realizados num ambiente totalmente desinfectado.

O nariz, boca e olhos são os principais pontos de entrada dos vírus no corpo, mas na maioria das vezes isso acontece quando levamos as mãos à boca, limpamos o nariz ou esfregamos os olhos. Tendo em conta que uma protecção total contra o contágio é tecnicamente impossível num ambiente urbano, existem várias medidas eficazes para a segurança pessoal. O melhor conselho para a prevenção do contágio ou transmissão de vírus não é o uso de uma máscara para quem não manifesta sintomas da doença, mas sim, a lavagem frequente das mãos com água e sabão, ou a utilização de um gel à base de álcool; não reutilizar lenços depois de limpar o nariz e evitar a proximidade (de menos de um metro) com pessoas infectadas.

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