Capital Social II

Por: Alexandre Gamela
Tempo de leitura: 2 min

Na crónica de Maio de 2018 falei da desconfiança dos suecos nos pagamentos via smartphone ou cartão, preferindo o dinheiro vivo nas suas transações diárias, mas com um nível de vida que se paga com notas – as coroas não lhes pesam no bolso.

Em Portugal, como o nível é outro e as caixas multibanco são quase tão raras como os orangotangos do Bornéu, a aplicação MB Way estava a fazer sucesso por facilitar as pequenas transações do dia-a-dia, a socialização inesperada com amigos, as pequenas extravagâncias. Pelo conforto de poder enviar dinheiro na hora, sem complicações.

A banca, que não vê mais que o fundo do seu bolso sem fundo, foi logo meter o bedelho porque não estava a fazer dinheiro com isso. Com uma qualidade cada vez pior nos serviços prestados aos clientes e uma década de resgates de balúrdios, provocados por gestões danosas, é preciso ter muita lata para se apropriar do serviço de uma empresa alheia (SIBS) e taxá-lo. É isso que os bancos gostam de fazer: de ficar com o que não é deles.

Mas o tempo de sermos reféns do sistema bancário está a acabar. Vem aí a Libra (não confundir com a britânica), a criptomoeda do Facebook. Os parceiros são de peso: PayPal, Stripe, Mastercard, Visa, Uber, Lyft, Spotify, eBay, só para dizer alguns. A moeda da maior rede social do planeta pode mudar tudo, até a forma como se ganha dinheiro: mais likes darão mais saldo, numa economia gamificada? Isso fica para a crónica Capital Social III.

O que irá fazer a banca quando começarmos a transacionar num meio que não controla, longe das suas taxas absurdas? A minha dúvida é se podemos confiar mais nos bancos ou no Facebook. Nenhuma das duas opções parece boa, mas sob o colchão não há boas taxas de juro.

A mirar o espelho negro das redes sociais desde ainda antes de haver uma série de TV sobre isso.
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