Os novos orgãos

Por: Alexandre Gamela
Tempo de leitura: 2 min

O Google anda a ouvir coisas? Há quem diga que sim, mas não em voz alta. Segundo alguns utilizadores, bastou falar de um tema ou produto perto de um telemóvel para logo a seguir surgirem anúncios relacionados. Paranóia? Talvez. Talvez, não.

O projeto New Organs (neworgans.net) está a «recolher, arquivar e investigar teorias e realidades da vigilância corporativa». Eles querem testemunhos sobre aqueles anúncios que surgem depois de terem abordado um tema ou produto pela primeira vez, ou em anos. As histórias que já recolheram vão do interessante ao incómodo.

A Internet conhece-nos melhor que nós mesmos e a culpa é nossa: demos autorização para que saibam onde estamos, o que fazemos, o que comprámos, quem são os nossos amigos, os nossos contactos, que sítios reais ou digitais visitámos, o que pesquisámos (e, por consequência, o que nos interessa, o que queremos comprar, os nossos planos e objectivos). “Eles” sabem porque nós deixamos.

As redes sociais são redes publicitárias feitas para conhecer os nossos hábitos e os dos nossos amigos, para nos colocarem os produtos que nos podem interessar num ecrã perto de nós. Os anúncios são desenhados para atingir públicos específicos, com características e necessidades únicas, com um objectivo simples: converter utilizadores. Não a uma religião, mas em cliente, o fiel do capitalismo. “Fazer amigos” é tão 2.0…

Invasivo? É. Tenebroso? Sem dúvida. Ainda se pode mudar? Sim, mas duvido que aconteça. O que podem fazer? Visitem o site do projecto: eles têm algumas sugestões e recursos. Podem sempre deixar de usar a Internet e dispositivos associados, mas isso ainda é mais assustador.

Ok Google, ouve com atenção, só vou dizer isto uma vez…

A mirar o espelho negro das redes sociais desde ainda antes de haver uma série de TV sobre isso.
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