Sekiro: Shadows Die Twice

Por: Ricardo Durand
Tempo de leitura: 4 min

Este jogo da From Software veio abrir uma discussão minha, interna, sobre qual é, de facto, o propósito de um jogo de vídeo: afinal, porque razão jogamos? Para nos divertirmos ou para nos chatear? Eu acho que os jogos devem ter a capacidade de nos fazer abstrair da realidade, dar um desafio e um estímulo que nos leve a querer estar em frente ao ecrã.
Lembro-me de, quando testei o novo Resident Evil 2, só queria era estar sentado no sofá, ligar a PS4 e entrar nos esgotos de Racoon City para desvendar enigmas e limpar o sebo a alguns zombies. E, como sabemos, Resident Evil 2 nunca foi um jogo fácil, principalmente quando saiu em 1998, quando tínhamos de encontrar fitas de máquinas de escrever para gravar o jogo.

Sistema de save inexistente?
A From Software é uma editora japonesa que é conhecida principalmente pela série Souls (Dark e Demon’s) e Bloodborne – destes, só joguei o último e não tenho grandes recordações. Quando me propuseram testar Sekiro, desconfiei, mas tinha a esperança que fosse uma espécie de God of War com ninjas e samurais. Não podia estar mais enganado – Sekiro tem a herança dos outros título da From, principalmente ao nível de uma coisa que eu acho estar bastante desequilibrada: a dificuldade.
Sekiro é completamente desajustado neste capítulo e na forma como torna uma experiência que devia ser mais agradável e desafiante numa dor de cabeça constante, com inimigos cuja IA não se percebe (tanto dão por nós a grande distância, tanto se deixam matar facilmente quando nos aproximamos quase de frente) e em que há um sistema de saves (o jogo chama-lhe ‘Rest’ – descansar) que não faz sentido: só o podemos fazer nos Sculptor Idols e, caso o façamos depois de “limpar” uma determinada área de inimigos, eles voltam à vida e temos de fazer tudo outra vez.
Ou seja, gravar o jogo (nem sei se lhe podemos chamar isto) é apenas uma forma de garantir que fazemos fast travel para a zona onde estão os Sculptor Idols (outra das suas características, além de poder comprar Spirit Emblems, para poder usar as armas da prótese que temos em vez do braço esquerdo).

Defender e atacar de forma enfadonha
A história e tudo o que podemos apanhar, fazer e melhorar na nossa personagem (um shinobi que procura vingança, uma história mesmo à japonesa) é tão complexo e demora tanto tempo a explicar que tive de escolher entre fazer duas coisas com esta página: ou contava 10% da trama de Sekiro ou dava a minha opinião sincera, baseada nas vezes que que quase mandei o comando contra a televisão, depois de tentar pela décima vez passar uma área inicial do jogo.
Esta editora não é conhecida por fazer jogos fáceis, mas não é por acaso que Sekiro é considerado o jogo mais difícil da actualidade – e quando essa dificuldade podia ser usada de uma forma mais equilibrada pelo jogo, leva-nos ao desespero a tentar encontrar, quase automática, uma maneira de usar a katana para ao mesmo tempo contrariar ataques e com um único golpe matar o inimigo – que quase sempre nos consegue mandar para os anjinhos com uma chapada.


Editora: From Software
Distribuidora: Ecoplay
Plataformas: PS4, Xbox One, PC
Site: sekirothegame.com
Preço: €69,99

Por: Ricardo Durand Editor
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Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo email rdurand@pcguia.fidemo.pt.
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