O tacho das taxinhas

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 3 min

E assim se fere de morte um serviço (e uma app) de que os portugueses já fazem uso recorrente – o MB Way. A banca tradicional – e quem o diz até é a DECO – tem este hábito. Habitua o consumidor a usar um serviço, em primeira instância gratuito, e mais à frente espeta-lhe com uma taxa de serviço.

Foi notícia, este mês. Os bancos planeiam implementar, a partir de Maio, o valor das taxas de serviços das transacções feitas através do serviço MB Way para valores que, em alguns casos, são quase pornográficas. O BCP e BPI lideraram a tabela da alarvidade: 1,34 e 1,35 euros por transação, respectivamente. Sendo que 27% das transacções não ultrapassa os dez euros, percebe-se o negócio da China.

Isto, curiosamente, acontece na altura em que a Paypal anuncia que vai no sentido contrário. Ou seja, vai abolir qualquer taxa no envio de dinheiro entre utilizadores, que era aplicada a quem usasse cartão de crédito ou débito. Melhor ainda: o MB Way está limitado aos bancos a operar em Portugal, mas, com o Paypal, pode enviar para qualquer pessoa na zona Euro.

Em Novembro de 2018, o MB Way ultrapassou a barreira do milhão de utilizadores. O Paypal tem por esta altura cerca de setecentos mil utilizadores em Portugal. Quer adivinhar a tendência de crescimento de um e outro serviço, se estas condições assim se mantiverem?

Entre o MB Way e, agora o Paypal, neste tipo de serviço fintech em Portugal, e por dimensão, será de mencionar a Revolut. A experiência, por ora, é diferente. É um cartão virtual e físico, operado a partir da app, mas com conceito de top up, ou seja, tem de o carregar com dinheiro – via cartão de crédito ou transferência bancária internacional – e não funciona na rede multibanco. Tem-se valido de quem viaja muito com taxas de câmbio mais favoráveis, não cobrando taxas de levantamento até 200 euros e, agora, nos pagamentos entre utilizadores. Para já, conta “apenas” com cerca de setenta mil utilizadores em Portugal, mas o interessante é que está prestes a ter licença bancária para operar na Europa e, poder assim, conceder crédito ou pagar juros pelos depósitos. Dêem-lhes tempo e espaço.

Escrevo neste espaço há seis anos e, não terá havido um onde os pagamentos não fossem alvo de umas linhas. Mais: estou certo de que nos próximos seis anos haveremos de ver dar entrada neste sector da Google e/ou da Apple. Nessa altura voltamos a abordar ‘o tacho das taxinhas da banca tradicional’.

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