Fly-by-wire

Por: André Gonçalves
Tempo de leitura: 3 min

A Boeing quis maximizar a sua eficiência energética do seu 737. Mas, para isso, criou uma espécie de “bola de neve”, ao recorrer a motores de maiores dimensões, que tiveram de ser montados mais à frente e numa posição mais alta. Esta nova posição dos motores fez com que o 737 Max criasse uma tendência para elevar o nariz, especialmente em manobras em que estivesse num ângulo de ataque elevando, algo que poderia levar a situações de perda de sustentação. Para compensar esta tendência foi desenvolvido um sistema (MCAS) que, ao detectar os sinais de subida excessiva, activa automaticamente os estabilizadores traseiros, baixando a frente do avião.

Este MCAS introduzido no 737 Max é similar a sistemas implementados em outras aeronaves e tem um paralelismo com o sistema anti-bloqueio de travões (ABS) dos automóveis. Se, hoje em dia, o ABS é uma característica de segurança obrigatória, na altura em que foi lançado muitos condutores sentiram dificuldades em lidar com o aumento de distância de travagem, descurando as vantagens de uma travagem muito mais controlada. São evoluções tecnológicas em que o homem deixa de controlar mecanicamente um sistema, para que um automatismo o faça, de uma forma mais rápida e eficiente.

Num avião actual já não existe um controlo físico das partes mecânicas, tudo é feito através de impulsos eléctricos em sistemas redundantes. E, cada vez mais, esses controlos são apoiado se melhorado spor diversos sistemas automatizados. Estes automatismos permitem dar aos pilotos a precisão e a velocidade de cálculo necessárias para enfrentar diverso tipos de adversidade em voo. Mas continua a ser vital que estes tenham consciência do funcionamento desses automatismos e como reagir às suas falhas.

Ao que tudo indica, os dois recentes incidentes que proibiram o voo dos 737 Max foram devidos a erros na leitura de sensores que levaram o MCAS a interpretar de forma errada uma subida da frente da aeronave, “corrigindo” essa subida de forma drasticamente errada. A falta de precessão da equipa de pilotagem, sobre a razão pela qual o avião se estava a comportar dessa forma, fez com que não conseguissem retomar o controlo do mesmo.

Seguramente, o futuro passará por uma correcção do sistema face a erros de leitura dos sensores e uma melhor preparação dos pilotos em situações idênticas. Esperamos nós que este seja o último grande erro na evolução da interface homem/máquina da história da aviação.

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Se não pensares nisso, alguém vai fazer-lo por ti.
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