Smartphones com múltiplas câmaras

Por: Gustavo Dias
Tempo de leitura: 4 min
Samsung

Ignorando a euforia do 3D do início da segunda década dos anos 2000, com lançamentos como o HTC EVO 3D e LG Optimus 3D, só em 2014 é que podemos afirmar que começaram a aparecer os verdadeiros smartphones com múltiplas câmaras traseiras, com o HTC One (M8). Este modelo usava um segundo sensor de imagem para trabalhar como sensor de profundidade, permitindo ajustar a profundidade de campo depois de captar a imagem. Porém, só com a chegada do Huawei P9 em 2016 (o primeiro modelo a tirar partido da parceria com a Leica) é que assistimos à proliferação dos sistemas de múltiplas câmaras, como conhecemos hoje em dia. O Huawei P9 usa um sensor principal RGB e um secundário monocromático que, combinados, garantiam imagens com cores vibrantes e um grande detalhe.

Actualmente, encontramos modelos como o novo Samsung Galaxy A9 a utilizar uma solução com quatro câmaras traseiras (cinco, se contarmos com a frontal). Mas para que serve tudo isso?

Uma questão de ângulo
Na fotografia, depreende-se que uma abertura entre 26 e 35 mm é a que melhor recria o ângulo de visualização do olho humano (o equivalente a 77º de ângulo de visão), sendo este o tipo de amplitude focal mais utilizada pelas objectivas dos sensores de imagem principais de, praticamente, todos os smartphones do mercado.

Para a obtenção de um ângulo de visão mais elevado, igualmente designado por ‘efeito ulta angular de 120º’, é frequente utilizar-se uma objectiva com uma distância focal entre 12 a 17 mm, embora esta seja uma solução ainda com pouco uso. Actualmente, só a encontramos em dispositivos como o LG V30 e G7, Asus ZenFone 5/5Z, Samsung Galaxy A7/A9 (edições de 2018) e Huawei Mate 20 Pro.

Outra solução igualmente prática, mas mais usada, é a possibilidade de se usar um sensor secundário para criar o efeito de zoom, com objectivas de 52 mm de amplitude para um efeito de zoom óptico de 2x, como acontece com os Samsung Galaxy S9 Plus, Note 9 e Galaxy A9, ou 80 mm para um zoom óptico de 3x para o Huawei Mate 20 Pro.

Efeito bokeh
Embora os efeitos de zoom e grande angular sejam mais práticos e, visualmente, mais interessantes, a grande maioria dos dispositivos que utilizam duas (ou mais) câmaras traseiras tendem a usar sensores de menor resolução no sensor secundário, já que este apenas tem como finalidade medir a profundidade de campo, para conseguir, por software, desfocar o fundo da imagem.

A vantagem de este sistema ser ajustado por software permitir que, durante a captação, como após a imagem captada (só em alguns equipamentos), possa ajustar o efeito de desfocagem do fundo, intensificando assim o efeito de bokeh. Este tipo de efeito é habitualmente usado nas fotografias tipo retrato, destacando assim a face (ou corpo) da pessoa fotografada, face ao local onde se encontra.

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Editor da revista PCGuia, com mais de 10 anos no mercado de publicações tecnológicas. Grande adepto de tudo o que seja tecnológico, ficção científica e quatro rodas.
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