Ray tracing vai chegar às gráficas Nvidia GTX

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 5 min

A Nvidia quis tanto fazer a distinção entre as placas gráficas da nova geração (com tecnologia que lhes permite calcular efeitos ray tracing em tempo real), e as da geração anterior, que até deixou cair a nomenclatura ‘GTX’, que usa há muitos anos nos seus produtos para o mercado de consumo e adoptou uma nova: ‘RTX‘. No entanto, a adopção por parte da indústria de videojogos desta nova forma de fazer gráficos tem sido bastante mais lenta do que se esperava e, até agora, apenas um punhado de jogos utiliza gráficos com qualquer tipo de ray tracing.

Esta semana, na Game Developers Conference, que está a decorrer em S. Francisco, a Nvidia anunciou o seu plano para acelerar a adopção desta tecnologia, que passa por permitir que as gráficas das gerações anteriores utilizem os tipos mais básicos de ray tracing.

Assim, a partir de Abril, a Nvidia via lançar um driver que vai desbloquear o suporte para ray tracing em gráficas com GPU (Graphics Processing Unit) GTX da série 16, como a recente GeForce GTX 1660 Ti. Outros modelos que vão receber esta actualização são as gráficas da série 10, a partir 1060 com 6 GB de memória. Isto quer dizer que os modelos de entrada de gama vão ficar de fora.

Estes são os modelos que vão receber capacidades de cálculo ray tracing.

Para facilitar ainda mais, os programadores não terão de alterar os seus produtos de qualquer maneira, porque se o jogo já utilizar ray tracing a gráfica simplesmente será compatível com esse tipo de gráficos.

Esta decisão é algo surpreendente porque, qualquer GPU, que seja compatível com a API DirectX 12, já é, teoricamente, capaz de calcular em tempo real cenas em ray tracing, cortesia da API DirectX Raytracing da Microsoft. E também a mensagem que a Nvidia passou durante o tempo que passou desde o lançamento das RTX foi que a s placas gráficas das gerações anteriores eram incapazes de calcular cenas em ray tracing sem um impacto catastrófico nas velocidades do vídeo. Por isto, o ray tracing em tempo real sempre foi considerado o Evereste dos gráficos. Este anúncio feito pela Nvidia faz pensar que, se calhar, não seria assim tão difícil de trazer o ray tracing para os gráficos em tempo real nos jogos.

A Nvidia indica que as gráficas GTX utilizarão menos “raios” que as RTX, que têm hardware dedicado para esta função, o que faz sentido, e por isso as GTX estrão limitadas aos efeitos mais básicos. Isto quer dizer que não vai poder jogar Battlefield V com as reflexões em ray tracing ligadas no máximo, mas em níveis de detalhe baixos ou médios é completamente possível.

Análise dos cálculos necessários para renderizar os gráficos de uma frame em Metro Exodus. Imagem: Nvidia

O desempenho do ray tracing nas gráficas GTX irá depender muito da forma como o sistema é utilizado em cada título. Por exemplo, Metro Exodus, utiliza-o na iluminação global. Isto quer dizer que todos os objectos no mundo são iluminados através de luzes calculadas por ray tracing. Isto faz com que o motor do jogo calcule em tempo real todos os raios de luz e a forma como interagem com os objectos, por isto será difícil que uma GTX o consiga fazer com uma velocidade aceitável para jogar. Já as reflexões de Battlefield V são mais leves e perfeitamente possíveis de calcular com uma gráfica GTX.

Se quiser utilizar gráficos em ray tracing, ou a tecnologia Deep Learning Super Sampling (DLSS) da Nvidia, em todo o seu esplendor, terá sempre de ter uma gráfica GeForce RTX no computador. Porque os GPU desta geração incluem núcleos Tensor, hardware dedicado para estas operações matemáticas altamente complexas. As gráficas GTX serão capazes de calcular efeitos ray tracing nos níveis de detalhes mais baixos, o que decididamente é melhor que não haver nenhum. Mas há sempre de fazer uma análise custo/benefício, porque de nada vale um jogo com gráficos maravilhosos que depois se arrasta.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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