Sincroniza-me, que eu gosto

Por: Pedro Aniceto
Tempo de leitura: 3 min

Em 1998, era um simples Gestor de Produto nesta indústria, recebi uma apresentação que tive por obrigação aprender para poder replicar. Não era nada do outro mundo na verdade havia lá dois ou três  slides que me fizeram suspirar e dizer para com os meus velcros «Pois, ’tá bem, abelha!».

Era 1998 e ainda tinha de andar à procura de um cabo de telefone para me ligar, a sincronização não passava de um sonho ousado e eu tinha ali três quadros que me diziam que o futuro ia ser todo sincronizado e integrado.

E,na verdade, os homens tinham razão. Seja lá quando tiver sido que o “futuro” me entrou pela porta dentro (o futuro tem esta mania de entrar pelas portas sem se fazer anunciar – nem uma cartinha, nem um press release…) tomou conta de nós todos, integrando tudo e mais alguma coisa, mesmo até o que por vezes não queremos.

Há anos que me libertei do papel. Tenho ao meu lado uma impressora que já não vê um cartucho de tonner há anos, o meu scanner de secretária foi lentamente substituído por uma app no telefone e a minha última luta de integração foi com calendários entre OS X e Exchange com pitadas de Outlook.

A bem dizer, já consegui vencer a última fronteira da minha integração e sincronização com utilizadores de múltiplas plataformas e “flavours”. Gostava que a Google desse uma ajudinha nesta matéria, acelerando a velocidade de sincronização entre os “meus” calendários e os deles, mas espero viver os anos suficientes para ver isso acontecer. São grandes, mas também são lentos, coisa que acontece um bocado aos dinossauros que por vezes se “apagam” sem deixar rasto.

Vinte anos depois, a minha única dependência é de energia eléctrica para que nada se me interrompa. Vinte anos depois já ninguém abre a boca de espanto com novidades tecnológicas e quando acontecem dedicamos-lhe apenas alguns minutos  da nossa existência.

Estamos integrados, sincronizados, e até bastante formatados. Já pouca coisa nos surpreende. Somos notificados, já ninguém nos diz «Eh pá! Tu sabes lá o que aconteceu ontem no Burkina!». Temos a época do novo telefone, do novo tablet, dividimos os gadgets entre grandes e pequenos.

Isto está de tal maneira, que até a marinha espanhola, que cometeu um erro brutal num projecto de um submarino que tinha problemas complexos de manobra, teve de aumentar a estrutura de quatro navios em dez metros. Se originalmente se chamavam S-80, adivinhem lá como se passaram a chamar os submarinos depois do acrescento. S-80Plus…

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