A Google quer acabar com os URL, mas ainda não tem uma ideia clara sobre as alternativas

Por: Pedro Tróia
Tempo de leitura: 4 min

Os URL ou Uniform Resource Locators, os endereços que utilizamos todos os dias para aceder a recursos online, são entidades algo problemáticas. Têm uma estrutura complexa que pode facilmente utilizada por pessoas mal-intencionadas para, por exemplo, criar sites de phishing, tão parecidos com os sites verdadeiros que conseguem enganar muita gente, com todos os inconvenientes que daí advêm. Por esta razão, muitos programadores responsáveis pelo browser Chrome da Google andam à procura de qualquer coisa nova que consiga substituir os URL.

Os browsers modernos já têm um conjunto de medidas de segurança com o objectivo de informar os utilizadores sobre potenciais utilizações indevidas dos URL. Por exemplo a utilização da indicação ‘Inseguro’ no Chrome para designar os endereços que não cumprem todas as regras torna as coisas muito mais compreensíveis para quem não tem grandes conhecimentos. Outros browsers põem em evidência o nome do domínio a bold, outros, como o Safari da Apple, cortam toda a informação no campo do URL, menos o nome do domínio e só a mostram quando o utilizado clica em cima do endereço.

Para além dos problemas de segurança, os URL têm uma estrutura algo peculiar, que complica um pouco as coisas, porque como os nomes dos domínios são lidos da esquerda para a direita faz com que o utilizador veja primeiro o nome próprio do domínio e só depois o seu tipo (.com é supostamente para entidades comerciais, .gov para entidades governamentais e por aí fora). Este sistema já está tão adulterado que a secção que indica o tipo de site ou serviço a que se está a aceder já não diz basicamente nada. Por exemplo, o ‘.com’ em ‘qualquercoisa.com’ pode referir-se a algo que nada tem a ver com actividades comerciais e o utilizador só se apercebe disso quando a página acaba de carregar.

Em 2014, a Google andou a fazer experiências com uma forma de apresentar os URL no Chrome mais parecida com a utilizada pelo Safari, que ficou conhecida como ‘Origin chip’, mas abandonou o trabalho devido a queixas relacionadas precisamente pela falta de segurança do sistema.

Neste momento, a Google não revela muito acerca da sua visão para o futuro dos URL e certamente que tem uma clara noção acerca do trabalho gigantesco que tem pela frente para introduzir alterações a um sistema que já é usado há muitos anos. Tanto ao nível da tecnologia como pela inevitável resistência à mudança dos utilizadores e programadores. Para já, os técnicos da Google estão a estudar a forma como os URL são utilizados nos mais diversos contextos antes de recomendarem seja o que for. Isto porque existem muitos tipos de URL utilizados de formas diferentes e, acima de tudo, mostrados aos utilizadores de quase tantas formas como existem aplicações que permitem o acesso a recursos online.

Sou director da PCGuia há alguns anos e gosto de tecnologia em todas as suas formas. Estou neste mundo muito por culpa da minha curiosidade quase insaciável e por ser um fã de ficção científica.
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