ESA vai (mesmo) lançar satélite meteorológico Aeolus depois de um atraso de 15 anos

Por: Ricardo Durand
Tempo de leitura: 4 min
Aeolus ESA

Um convite para visitar uma instalação científica europeia não é de deixar passar ao lado. Muito mais quando se trata da Agência Espacial Europeia e da Airbus, que unem esforços há vários anos para o desenvolvimento de soluções aeronáuticas.

Neste caso, o pretexto era conhecer melhor o Aeolus em Toulouse, o novo satélite meteorológico deste consórcio que vai ser lançado a 21 de Agosto, a partir da base da ESA na Guiana Francesa (América do Sul).

Para já, a ESA está a fazer os últimos preparativos para expedir o satélite por oceano, a bordo de um navio da Airbus. Como pudemos ver nas instalações da Airbus, o Aeolus já está preparado a acondicionado para transporte.

Uma das coisas que falta é colocar o satélite dentro de um contentor especial que vai garantir protecção térmica. Chegado a Guiana há vários testes eléctricos a fazer – depois, o Aeolus será colocado a bordo de um foguetão Vega, que o vai levar até à órbita terrestre.

Em concerto, a missão do Aeolus é «melhorar a qualidade das previsões meteorológicas» e fazer com que os cientistas «compreendam melhor as dinâmicas atmosféricas», explicou Richard Wimmer, project manager do Aeolus.

Para isso, o Aeolus será o primeiro satélite do mundo a ter um aparelho LiDAR (Light Detection And Ranging) que vai fazer um varrimento horizontal dos ventos terrestres.

Para isso, o Aeolus faz uma medição dos ventos desde a superfície terrestre até uma altitude de 30 km. O sistema de LiDAR criado pela ESA tem um nome curioso: ALADIN (Atmospheric LAser Dopple INstrument).

O Aeolus vai orbitar a Terra a uma «distância de 320 km e fazer ciclos de sete dias, onde vai conseguir fazer 111 “voltas” ao globo», disse Anders Elfving, outros dos gestores de projecto. A totalidade da missão deste satélite é de três anos.

Durante esta missão, o satélite fica numa das três órbitas da ESA, a Científica, a que fica mais perto da Terra; além destas há ainda a das missões Copérnico e a das Meteorológicas (o Aeolus não fica nesta última, pois para analisar os ventos precisa de estar mais perto da Terra).

O projecto Aeolus teve um custo de 481 milhões de euros (sem operações) e teve um atraso de quinze anos, algo que os gestores de projecto tiveram alguma dificuldade em explicar.

«Sabem, há sempre ajustes a fazer e sempre que aplicávamos uma nova tecnologia surgia um problema noutro local», disse Richard Wimmer. O gestor de projecto chegou mesmo a fazer uma curiosa analogia.

«Desenvolver este satélite foi como cortar tentáculos a um polvo: resolvíamos um problema e aparecia mais dois um três tentáculos; arranjávamos tudo e surgiam mais cinco ou seis. foi uma luta que demorou muitos anos».

Depois de entrar em órbita, o Aeolus vai dar as primeiras análises aos cientistas em 2018, mas os primeiros dados operacionais só chegam à Terra a partir de Março/Abril de 2019.

Ao lançamento do Aeolus, seguir-se-à os do Santinel 4 e do MetOp-SG, ambos em para 2021, dentro do programa meteorológico da ESA. Isto, claro, se não houver os atrasos que adiaram de forma sucessiva a missão do Aeolus.

Características principais do Aeolus

Peso: 1,4 toneladas
Dimensões: 1,7 x 1,7 x 4 m / 16,5 metros com os painéis solares
Tempo de vida: três anos
Perfis de ventos analisados por dia: 64 mil
Órbitas por dia: 16
Distância analisada de cada vez: 87 km

Por: Ricardo Durand Editor
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Começou no jornalismo de tecnologias em 2005 e tem interesse especial por gadgets com ecrã táctil e praias selvagens do Alentejo. É editor do site Trendy e faz regularmente viagens pelo País em busca dos melhores spots para fazer surf. Pode falar com ele pelo email rdurand@pcguia.fidemo.pt.
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